domingo, 15 de junho de 2008

Olhares sobre Cuba, a ilha de muitas histórias

oglobo.globo.com/fotos
Olhares sobre Cuba


Cuba fascina, sem dúvida. Inspira as artes de forma geral e atrai intelectuais e turistas interessados em saber como funciona aquele modelo, uma ditadura, que registra notáveis avanços na educação e na saúde e, em especial, na cultura.

Mergulhada em contrastes, Cuba é tema da exposição "Cotidiano", dos fotógrafos Leandro Queiroz e Sérgio Cardoso, que será aberta hoje, às 19h, na Assembléia Legislativa. A mostra de 20 fotos registra o cubano no seu dia-a-dia, repleto de cores e uma alegria tipicamente latina.

A exposição abre uma extensão programação em homenagem aos dez anos do Comitê de Defesa da Revolução Cubana Internacionalista do Espírito Santo (CDR-I/ES), entidade sem fins lucrativos que promove debates e eventos culturais em prol das mais de quatro décadas de revolução socialista.

Sérgio Cardoso morou dois anos em Havana, enquanto Leandro Queiroz, seis meses. Ambos tentaram exaltar o cotidiano dos habitantes da parte antiga da capital, que está fora da rota turística que valoriza a revolução.

"Cuba parece o Brasil da década de 50. Enquanto há carros antigos nas ruas da ‘vieja Havana’, há hotéis luxuosos e preparados para receber turistas na parte nova", descreve Queiroz. "A intenção foi retratar uma Cuba legítima: o homem fazendo charuto na calçada, a dança, a gente", define Cardoso.

Diversidade. Cinema cubano, palestras sobre políticas públicas e cultura, presença do embaixador Mosquera, tudo isso integra a programação, que vai até dia 27 de outubro. Todos os eventos têm entrada franca.


Entre os filmes, elencados pelo professor doutor em Comunicação e Cultura pela UFRJ Alexandre Curtiss, destaca-se "Memórias do Subdesenvolvimento", um clássico do cinema latino-americano, produzido em 1968, que enfoca a revolução do ponto de vista de uma classe média perdida em meio aos eventos sociais.

ANÁLISE - Gabriel Bittencourt

Fascínio

Cuba é um mostruário de um sistema socialista de Estado que já acabou em todo o mundo. Mas o ideal não morreu.

Em Cuba, é o Estado quem sustenta as pessoas produzindo arte e esporte. Onde mais isso existe? Poucos, ou ninguém, conseguem viver da escrita ou da pintura aqui no Brasil. O modelo favorece esse fascínio na medida em que não há corrupção dos ideais artísticos em prol de fins comerciais.

Os intelectuais são essencialmente socialistas, e Cuba chama a atenção pelos contrastes. Chama a atenção na área informativa, em que o avanço é grande no que tange ao desenvolvimento de programas, mas pequeno no que se refere à produção de máquinas. O setor de bens de consumo duráveis é extremamente precário. Mas o nível de educação das pessoas é impressionante.

Gabriel Bittencourt é historiador, presidente de honra do Instituto Histórico e Geográfico e vice-presidente da Academia Espírito-Santense de Letras.


A Gazeta - Neyla Tardin

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