segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Monte Roraima: o topo do Brasil


Vista do Monte Roraima compensa frio e seis dias de caminhada

Formação geológica de 2.875 metros é uma das mais antigas da Terra.
Apesar de longo, caminho é plano; subida não exige equipamento especial.

Fausto CarneiroDo G1, em Pacaraima

Andar pelo menos seis dias, dormir em barracas sob temperaturas de até cinco graus, encarar uma “ladeira” de 2.800 metros de altura e ainda pagar para fazer isso. Para quem já foi ao Monte Roraima, na divisa entre o Brasil, Venezuela e Guiana Inglesa, o sacrifício vale a pena.  

 

Foto: Ari Silva/Arquivo pessoal

na fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana Inglesa, com o Monte Roraima à direita; abaixo, Monte Kukenan (esquerda) e encosta do Roraima (Fotos: Ari Silva/Arquivo pessoal)

 


O monte faz parte de um conjunto de montanhas chamadas tepuis, formações em forma de mesa que parecem levantar do solo. Essas montanhas estão entre as mais antigas formações geológicas do planeta. Estima-se que tenham até dois bilhões de anos –para efeito de comparação, a separação dos continentes teve início há cerca de 200 milhões de anos.

 


Mais do que preparo físico, chegar ao Monte Roraima exige uma boa dose de determinação. O caminho até o monte é plano e a subida é relativamente fácil, já que não necessita de equipamento especial. Uma expedição ao local, porém, só deve ser realizada com guias que conheçam a área ou empresas que organizam grupos para a subida. 




 

 

 Segundo o arqueólogo Ari Silva, que trabalhou no plano de manejo do Parque Nacional do Monte Roraima na década de 1990, o tempo ideal para uma expedição deve ser dez dias. “Nas expedições de seis dias, a gente anda três para ir, sobe, desce correndo. A gente fica quebrado”, disse. 


Com dez dias, é possível andar pelo platô, que tem 90 quilômetros de extensão, e apreciar vista, flora e fauna do local, diz. No monte há várias espécies únicas de bromélias e orquídeas, pássaros e alguns mamíferos. Para quem não se importa com o frio, há muitas cachoeiras pelo caminho e até um lago, visitado por periquitos australianos no verão, segundo Silva.

 

Roteiro

Apesar de também estar no Brasil, o acesso ao Monte Roraima é feito pelo lado venezuelano. Para iniciar a expedição, é preciso pagar uma série de taxas, para recolhimento de lixo e ao Inpaq, espécie de Ibama da Venezuela, responsável pela administração dos parques do país vizinho. 

Nas expedições que organiza, Silva estabelece como ponto de parada no primeiro dia o Rio Paratepui. No segundo dia, a parada é no Rio Kukenã, nome do tepui vizinho do Monte Roraima. No terceiro dia, já no acampamento-base, tem início a subida. 

 

 

Para quem não tem pressa em chegar ao topo, uma boa dica é dormir durante a subida nos “hotéis” do caminho –grutas em que cabem até 25 barracas. Essa é uma forma de apreciar as formações de pedra do Monte Roraima. Entre as formações mais famosas estão as rochas que lembram figuras de animais e até de pessoas. 


                 Pedra do caracol no topo do monte; formações que                     lembram animais são comuns no local (Foto: Ari                     Silva/Arquivo pessoal)
Pedra do caracol no topo do monte; formações que lembram animais são comuns no local (Foto: Ari Silva/Arquivo 
Para a produtora rural Magali Kolmer, que subiu o monte no começo do ano, o lugar é um dos mais bonitos em que já esteve. “A vista é linda, mas faz um frio!”, disse. Ela esteve no Roraima em uma expedição de seis dias organizada por uma empresa venezuelana. “Foi maravilhoso.” 


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