Alemão que escolheu viver na cidade dá dicas dos atrativos locais.
Gruta do Lago Azul é um dos cartões-postais da cidade.
Gruta do Lago Azul é um dos cartões-postais de Bonito (Foto: Divulgação/Prefeitura de Bonito)
Quando decidiu se aposentar, há seis anos, o geólogo alemão Frank Stolzenberg, de 56 anos, vivia na Holanda e tinha como opções voltar para a terra natal ou morar em um dos vários países da Ásia, Europa ou Oriente Médio pelos quais havia passado ao longo da carreira. Mas, depois do casamento com uma brasileira e de várias viagens a Bonito, a 300 quilômetros de Campo Grande, o geólogo deixou o Velho Continente para recomeçar a vida em um paraíso natural.
“Escolhi Bonito pela segurança, tranquilidade e pela via simples. Tive o primeiro contato em 1996, e desde então voltei todos os anos nas férias, até montar base aqui, em 2006. Foi como um sonho realizado. Sempre gostei de lagos e rios, e o cenário da Serra da Bodoquena em torno da cidade me encantou”, disse Frank.
Da antiga profissão, restou apenas o gosto pela natureza. Frank tornou-se apicultor e dono de pousada ao lado da esposa, a artista plástica Maria Pires. As experiências como turista e empresário permitiram que o casal conhecesse a maioria dos atrativos locais. E para quem pretende visitar a cidade, eles dão dicas que não se encontram em qualquer guia de viagens.
“Uma coisa que não falam no guia é que alguns grandes restaurantes cobram muito caro e não dão tanto valor para o atendimento. Às vezes, basta ir à praça central e comer um espetinho de carne assada, com mandioca e arroz. Um grupo de turistas da República Checa seguiu a recomendação, e depois nos disseram que nunca tinham comido algo tão saboroso. E o atendimento é simples e agrada”, diz Frank.
A maioria dos atrativos naturais de Bonito situa-se na área rural, mas quem se hospeda nas pousadas e hotéis da área urbana pode fazer um passeio à noite pela avenida Pilad Rebuá, a principal da cidade. “As calçadas receberam novo paisagismo e a via está mais segura para os pedestres. Os principais restaurantes e lojas estão lá, e muitos ficam abertos até a meia-noite. Sem contar os bares com música ao vivo”, conta Maria.
Nas refeições, Maria sugere restaurantes especializados em servir pescado sem espinhas. Há ainda lanchonetes que oferecem sabores exóticos, como sanduíche de carne de jacaré e pastéis de pintado e de pacu.
Conhecida no país e no exterior pela riqueza natural, Bonito situa-se na Serra da Bodoquena, onde há um parque nacional sem visitação pública. A cidade de 19 mil habitantes oferece dezenas de opções turísticas, que vão da contemplação da fauna e flora até roteiros radicais, como rapel e descida de tirolesa. Alguns atrativos já serviram de cenário para locações de duas novelas, “Alma Gêmea” (2005) e “Viver a Vida” (2011).
De carro ou ônibus a partir de Campo Grande, a viagem dura cerca de quatro horas, cruzando rodovias descongestionadas. Outra opção é por via aérea. O aeroporto de Bonito recebe voos regulares às quintas-feiras e aos domingos. Os períodos de alta temporada são definidos com base nos feriados prolongados e nas férias escolares. A rede de hospedagem é ampla e conta com cerca de 5 mil leitos. O preço das diárias em pousadas parte de R$ 50, mas em alguns hotéis pode chegar a R$ 1,5 mil, dependendo da época do ano.
Alimentando macacos
Para que o visitante possa aproveitar bem a estadia em Bonito, Maria Pires recomenda que sejam feitos pelo menos três passeios diferentes: gruta, cachoeira e flutuação. O acesso à Gruta do Lago Azul, um dos cartões-postais da cidade, limita-se a pequenos grupos por dia, com objetivo de manter a preservação do lugar. Mas isso não diminui o impacto causado pelas belezas da gruta.
“Quando fui pela primeira vez, em 1996, a gente podia tocar nas formações rochosas, e anos antes era permitido até tomar banho no lago. Hoje é tudo proibido. Sou a favor, porque se não fosse isso, tudo estaria degradado”, comenta a artista plástica.
A fauna silvestre chamou a atenção de Frank nas Cachoeiras do Rio do Peixe, que ficam na fazenda Água Viva. “É possível dar banana aos macacos. As aves são mansas, vêm no ombro da gente”, conta o alemão.
O Parque das Cachoeiras, situado na parte alta do rio Formoso, deixou uma impressão especial em Maria por conta da possibilidade de banhar-se em sete quedas de água límpida. “Na Noruega, por exemplo, também existem cachoeiras lindíssimas, mas a água nunca passa dos 15 graus e o banho não é agradável. Em Bonito, faz calor o ano inteiro”, diz.
Mergulho no rio da Prata revela cardumes de várias espécies (Foto: Divulgação/Prefeitura de Bonito)
Para a flutuação, os instrutores são muito bem preparados e pacientes. "Existe um treinamento antes dos mergulhos, e o visitante usa sempre roupa, máscara e colete apropriados. Teve uma alemã de 77 anos que ficou com medo, mas depois de mergulhar no Aquário Natural, ficou estarrecida com as belezas subaquáticas”, lembra.
Maria se divide entre administração de pousada
e chácara (Foto: Maria Pires/Arquivo pessoal)
|
Tanta coisa para se ver e fazer em Bonito fez com que Maria e Frank mudassem radicalmente o estilo de vida que eles mantinham na Europa. “Quando mudamos para cá, trouxemos de navio uns 30 volumes com objetos pessoais, livros e outras coisas. Mas fomos nos envolvendo com a chácara e a pousada, e aquelas caixas ficaram fechadas por mais de dois anos. Então percebi que eu não tinha vontade de abri-las. Recomecei a vida só com uma camiseta, shorts e um número de celular novo”, lembra Frank.
Hélder Rafael
Do G1 MS
Nenhum comentário:
Postar um comentário