Cerca de 30 mil pessoas visitam o continente entre os meses de outubro e março, quando é verão.
Enterra o pé na neve, sobe, sacoleja e toma banho fora de hora – turismo na Antártica é assim, mas compensa.
Apesar de o mar estar coalhado de blocos de gelo menores, o bote consegue chegar bem pertinho dos icebergs. Tem de todos os tamanhos: uns menores e paredões de gelo, icebergs gigantescos que se consegue ver bem de perto.
O turismo na Antártica é regulado por um tratado internacional. É preciso cumprir uma série de normas: antes de desembarcar, lavar as botas com desinfetante; nas ilhas, só se pode andar nas trilhas; os bichos têm prioridade e é proibido retirar qualquer coisa da Antártica, menos gelo. Um guia explica que o gelo transparente é mais antigo, tem cerca de mil anos, e é mais duro que o branco.
A melhor época para visitar a Antártica é entre os meses de outubro a março, período do verão, quando a temperatura fica em torno de 0°C. Mas nada atrapalha a diversão dos turistas. São 30 mil, em média, a cada verão. Um casal de professores do México ficou encantado. “Parece que estamos em outro planeta”, diz Ana Maria.
Na volta para casa, uma dose extra de aventura: o navio está atravessando o mar de Drake, que fica entre a Antártica e a América do Sul. É um mar muito tempestuoso. Nele se encontram dois grandes oceanos: o Pacífico e o Atlântico. Ao longo dos séculos, o Drake tem sido o terror dos navegadores e ainda hoje é um desafio atravessá-lo, mesmo para os navios mais modernos.
O comandante, o russo Alexey, navega na Antártica há 15 anos. Ele diz que gosta da adrenalina. Mas, para nosso sossego, diz ele, até que na travessia o Drake está simpático. Melhor assim: uma despedida em grande estilo.
S.O.S. POLAR
Turistas diante de um grupo de pinguins na Antártica.
O turismo pode ajudar a preservar esses animais O filhote de pinguim-imperador é um nadador desastrado. Quando algum predador persegue sua colônia, essa ave foge pulando para dentro dos barcos dos turistas. É uma experiência única para quem visita a Antártica. O bicho se equilibra na lateral de borracha do bote, espia assustado os humanos de agasalho vermelho a seu redor e mergulha rápido para onde o bico apontar. Ninguém pode ajudá-lo. É proibido tocar no animal. Mas o turista que viajou em direção ao Polo Sul pode fazer algo para salvar o pinguim-imperador. E a própria Antártica. O novo mote do turismo ecológico é conciliar diversão com conhecimento e, acima de tudo, preservação.
A agência americana Lindblad Expeditions, em parceria com a National Geographic Society e com o centro de pesquisa Oceanites, criou um pacote em que os turistas passam parte do tempo atuando como voluntários em uma expedição científica. Sua missão é ajudar a compilar dados sobre algumas das espécies ameaçadas.
Turistas diante de um grupo de pinguins na Antártica.
O turismo pode ajudar a preservar esses animais O filhote de pinguim-imperador é um nadador desastrado. Quando algum predador persegue sua colônia, essa ave foge pulando para dentro dos barcos dos turistas. É uma experiência única para quem visita a Antártica. O bicho se equilibra na lateral de borracha do bote, espia assustado os humanos de agasalho vermelho a seu redor e mergulha rápido para onde o bico apontar. Ninguém pode ajudá-lo. É proibido tocar no animal. Mas o turista que viajou em direção ao Polo Sul pode fazer algo para salvar o pinguim-imperador. E a própria Antártica. O novo mote do turismo ecológico é conciliar diversão com conhecimento e, acima de tudo, preservação.
A agência americana Lindblad Expeditions, em parceria com a National Geographic Society e com o centro de pesquisa Oceanites, criou um pacote em que os turistas passam parte do tempo atuando como voluntários em uma expedição científica. Sua missão é ajudar a compilar dados sobre algumas das espécies ameaçadas.
A aventura começa com uma boa dose de conforto. O navio National Geographic Explorer tem restaurante de comida orgânica, bar bistrô, biblioteca com títulos sobre a Antártica e academia de ginástica com vista para o mar.
Depois de percorrer os 650 quilômetros que separam a América do Sul da Antártica, a paisagem torna-se assustadoramente branca. Durante o verão, há luz do sol por quase 24 horas.
Os seis dias de expedição valorizam a proximidade entre o turista e a vida animal. Em botes para oito pessoas ou caiaques individuais, é possível ver de perto grupos de baleias, golfinhos, focas e lobos-marinhos. Os turistas passam o dia navegando entre os icebergs e podem desembarcar na costa de rocha e gelo para uma caminhada. Durante o passeio, o silêncio é interrompido pelo som do seltzer antártico, barulho criado pelas bolhas de ar que escapam do interior de icebergs que estão derretendo.
Os pinguins são uma atração à parte. Uma equipe de naturalistas e biólogos ajuda os turistas a identificar as cinco espécies que habitam a península. Com máquinas fotográficas e pranchetas, devem coletar o máximo de informação sobre o tamanho, a movimentação e a localização das colônias. Os pesquisadores do Oceanites usarão os dados para completar um censo animal. “Se dependêssemos só da ajuda dos governos, poderia ser tarde demais”, diz Ron Naveen.
Em abril, os países signatários do Tratado da Antártica, criado há 50 anos para a proteção do continente, assinaram um documento para limitar o número de turistas na região. Ambientalistas e governos estão preocupados com as mudanças climáticas e a procura desenfreada pelo destino. Em 1992, a Antártica recebeu 6 mil visitantes. Em 2008, foram 45 mil. Durante a última temporada, dois navios encalharam na costa da Península Antártica. Houve risco de contaminação.
Só quem está disposto a ajudar será bem-vindo. Estima-se que o turismo antártico vai despencar com as novas restrições, que proíbem o uso de diesel pesado pelos navios e limitam o número de passageiros por embarcação. Mas a Associação Internacional dos Operadores de Turismo da Antártica reconhece o roteiro da Lindblad Expeditions como um exemplo de turismo que ainda pode trazer benefícios. Em 1969, o explorador sueco Lars-Eric Lindblad (1927-1994) conduziu o primeiro tour à Antártica com navios adaptados para o turismo. Ele dizia: “Você não pode proteger aquilo que não conhece”.
SERVIÇO |
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Quem leva A agência Lindblad, com o apoio da National Geographic Society e do Oceanites Quanto custa R$ 19 mil por pessoa, no pacote mais barato Quando ir Saídas em 4 de novembro, 16 e 27 de dezembro e 7 e 18 de janeiro Acomodação 11 noites num navio da National Geographic Society |
Viajante supera face inóspita da Antártida
Uma viagem de navio à região mais austral do mundo, a Antártida, prova que o homem é um ser capaz de se adaptar às condições de vida mais árduas.
A Geórgia do Sul, um conjunto de ilhas, é um desses pontos em que as privações são tantas que qualquer outro lugar vira, automaticamente, o paraíso.
A principal ilha desse conjunto tem 161 km de comprimento por 48 km de largura. Em 1911, foram introduzidas renas para serem usadas na caça e como alimento. Hoje, há mais de 2.000 exemplares desse animal ali, e vê-los pastando é uma novidade para os olhos não acostumados às vicissitudes antárticas.
O território da ilha é composto por montanhas --a maior delas tem 1.828 metros de altura-- cobertas por neve e geleiras eternas. Seu contorno é definido por centenas de fiordes, milhares de saliências e reentrâncias que formam portos estreitos, fechados a cadeado por montanhas geladas.
Árvores? Não há. A vegetação se resume a uma grama dura, resistente ao clima inclemente.
Geologicamente, a Geórgia do Sul forma, junto de uma série de ilhas do arco de Scotia, uma cadeia submarina que conecta os Andes com a Antártida.
O número de habitantes que há na ilha não aparece em folhetos nem em livros, mas, ao visitar o antigo porto baleeiro de Grytviken, descobre-se que a população da Geórgia do Sul deve caber em duas Kombis. E praticamente todos moram em Grytviken.
E o que faz um grytvikeniano da gema? Trabalha em pesquisa científica, é da Marinha britânica, é padre ou é ligado ao governo.
Dos 12 habitantes da ilha, há dois que não têm as profissões acima listadas. São os aventureiros britânicos Pauline e Tim Carr, grandes amigos do brasileiro Amyr Klink, que está atualmente na Antártida, desta vez não como viajante solitário, mas numa jornada com a família. O casal britânico navegou o mundo durante 25 anos e um dia resolveu abaixar as velas em um lugar tranqüilo para passar o resto de seus dias.
Eles acabaram exagerando na tranqüilidade: aportaram o veleiro Carlew nesse porto há 14 anos. Estão com a vida que pediram a Deus, embora se queixem do "excessivo movimento" do porto: cerca de 15 navios em Grytviken.
As reclamações dos Carr acabam quando os turistas adentram o pequeno museu que eles montaram. O ingresso é gratuito. A loja de suvenires é o ponto final da visita. Mesmo com preços mais salgados do que a água do mar que banha o porto, a loja ferve de clientes saídos de transatlânticos.
O museu rememora os tempos da indústria baleeira, mostra a fauna do lugar e dá uma idéia de como viviam os antigos habitantes da Geórgia do Sul, com pequenas comodidades e singelos luxos que existiam nesse remoto ponto do planeta graças às baleias.
Há uma parte dedicada a sir Ernest Shackleton, que morreu, anos depois da odisséia do navio Endurance, de ataque cardíaco, em um barco ancorado na Geórgia do Sul, e está enterrado no cemitério local. Seu túmulo é o único que está orientado ao sul. Cada navio de passageiros que passa por aqui faz uma romaria para brindar ao heróico Shackleton.
Partida
Ao partir da Geórgia do Sul, o navio percorre todo o lado leste da ilha, a parte mais tranqüila em termos marítimos, visita a baía Fortuna, onde os passageiros desembarcam para ver uma colônia de irresistíveis pingüins-rei e de leões-marinhos, e passa pelos portos baleeiros abandonados de Stromness e Husvik, todos com uma forte carga histórica da arrepiante aventura de Shackleton e dos homens do Endurance.
Antes de deixar definitivamente esse ponto para rumar à Antártida, o navio que leva o turista entra no belo fiorde Drygalski e pára na parede de gelo do glaciar Risting. Uma despedida espetacular.
[Jaime Bórquez - Folha de S.Paulo, na Antártida]
Greg Grainger, produtor de documentários turísticos e programas sobre a vida selvagem, embarca nessa aventura viajando por locais exóticos e remotos.
Antártica Viva
Através desta expedição à Antártica, teremos contato com inúmeras espécies de baleias como as gigantes Jubartes, as solitárias Baleias-Minke e as Orcas, mais conhecidas como baleias assassinas. Enquanto prosseguimos em nossa jornada através das geleiras, poderemos presenciar o colapso de icebergs que com as formas mais extraordinárias já vistas. Visitaremos ainda uma colônia com várias espécies de pingüins e veremos como eles relacionam-se entre si.
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