sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Deserto do Atacama hipnotiza e surpreende

Acima das nuvens, deserto do Atacama hipnotiza e surpreende
Pôr do sol sobre o deserto de Atacama.

Espremido entre a cordilheira dos Andes, a leste, e o oceano Pacífico, a oeste, o Chile é o país mais estreito do mundo. Mais peculiar ainda é abrigar, em quase toda a sua região norte, um deserto acima das nuvens, que esconde jazidas minerais e a maior reserva de cobre, lítio, nitrato e iodo do planeta.

Chega a ser surreal explorar parte dos 363 mil quilômetros quadrados do deserto do Atacama. A altitudes que variam de 2.300 m a 6.893 m, ele desnorteia ora pela beleza estéril, ora pela força da natureza. Uma revelação para os sentidos, uma prova para o corpo.

Monumentais colunas de pedra no salar de Tara;
deserto do Atacama possui áreas a quase
7.000 metros de altitude
Há quem diga ter vivido ali experiências únicas, visões do passado e do futuro. O fato é que, a 4.000 m de altitude, não há como escapar da hipoxia (baixo teor de oxigênio), que tem como conseqüência a diminuição da atividade do sistema nervoso central.

Sim, o deserto hipnotiza e surpreende, mesmo com um clima extremamente árido --o mais seco do mundo, que faz os olhos e o nariz arderem--, mesmo com sensações térmicas até então desconhecidas --sim, estamos falando de 30ºC negativos.


Milhões de anos de transformações geológicas deram origem a cordilheiras, vulcões, salares e lagoas que se misturam a um céu turquesa sem nuvens, salpicado de estrelas e a uma flora e uma fauna únicas. Uma paisagem de, literalmente, tirar o fôlego.

Como um oásis, San Pedro de Atacama, um povoado com 4.969 habitantes a 2.443 m de altitude, é a porta de entrada para esse deserto. Fica a pouco mais de uma hora de carro de Calama, cidade em que pousam os vôos regionais e que detém o recorde mundial de 400 anos sem chuva (1571/1971).

Mesmo pequena, San Pedro tem em seu passado uma vasta história. Os primeiros habitantes, ex-nômades, instalaram-se lá há 11 mil anos, desenvolveram a irrigação e a agricultura, domesticaram alpacas e lhamas, inventaram a cerâmica e transformaram o vilarejo na ''capital arqueológica do Chile''.

Para vasculhar cada canto do Atacama, seriam precisos 90 dias, calcula Luis Bazzaza, guia experiente da região. Caindo no mundo real, cinco noites é o mínimo, assim como uma mala muito bem preparada, onde não há espaço algum para vaidades.

A maioria dos hotéis inclui os passeios nos pacotes, e subir às alturas chega a ser um impulso irresistível para quem está aos pés da mais longa cadeia de montanhas do mundo. Mas, como alerta Carlos Gerk, especialista em medicina de altitude, é preciso dar tempo para o corpo adaptar-se. E é assim, gradualmente, que as "escaladas" devem ser programadas. Nada de ascender cumes e vulcões de mais de 5.500 m, que podem terminar em edemas pulmonar e cerebral para quem não está devidamente preparado.

Erosões milenares

Patrícia Trudes da Veiga/Folha Imagem
Gêiseres do Tatio; local fica a 4.320 metros de altitude na região do deserto do Atacama

Para perder o prumo logo no primeiro dia e ter a exata dimensão de um deserto, o vale da Lua e o vale da Morte (ambos a 2.569 m) são um bom começo. Não há nada por lá, nem uma planta, nem um ser vivo. Areia, minerais, gesso e terra, em formações bastante peculiares, lembram a superfície da Lua.

Gêiseres do Tatio observados ao amanhecer; local fica a
 4.320 metros de altitude na região do deserto do Atacama
Pouco adiante, ergue-se a cordilheira do Sal, antigo lago cujas placas tectônicas se elevaram pelos mesmos movimentos da crosta terrestre que originaram a cordilheira dos Andes. Suas erosões milenares são espetaculares, uma aula de ciências, ao meio-dia com o sol a pino.

À tarde, o destino é o salar de Atacama (2.300 m). A paisagem muda radicalmente, e a vegetação resiste bravamente numa planície com quase 100 km de extensão coberta de sal, de onde afloram lagoas azuis habitadas por flamingos.

Já no segundo dia, há quem, como a repórter, ignore recomendações médicas e meteorológicas e dê um passo além do que devia. Rumo ao salar de Tara, na fronteira com a Bolívia, a mais de 4.000 m, o carro sacoleja. A cabeça dói, a náusea aparece. Nem chá de coca resolve.

Mas nessa planície desolada surgem monumentais colunas e paredões de pedra. E não dá para caminhar de encontro a eles. Com ventos frios a 70 km/h e temperatura abaixo de zero, o meteorologista da USP Mario Festa calcula uma sensação térmica de 32ºC negativos. O frio é de matar. Tudo perde a graça.

O guia ensina, então, a tomar água, muita água. O melhor seria água-de-coco, corrige o professor Gerk, já que, "com o ar seco, a cada respiração, perdemos também eletrólitos". O problema é que não há banheiros no meio do deserto. E aventurar-se atrás das rochas, com os termômetros abaixo de zero, não é nada fácil.
Vale do Arco-iris

Vilinha lúdica

O terceiro dia começa de madrugada. É hora de sacolejar duas horas, de estômago vazio, rumo aos gêiseres do Tatio, a 4.320 m. Ao chegar, com o sol nascendo e a cabeça explodindo, parece um sonho: centenas de jatos de água fervente são expelidos do solo, atingindo 10 m de altura. O fenômeno, que dura poucas horas, ocorre quando as águas frias de rios subterrâneos encontram as lavas vulcânicas.

Depois de um café da manhã improvisado em meio a um cenário vulcânico, passa-se pela encantadora Machuca, vila que parece uma pintura infantil, com apenas nove casas de adobe, e cruza-se com lhamas e vicunhas até chegar às termas de Puritana, onde, assim como no Tatio, há piscinas naturais de água clara e quentíssima -de 30ºC a 40ºC.

Na última noite no deserto, é hora de, pela primeira vez, tirar vantagem dos 7% de umidade média relativa do ar. Não é para menos que lá estão instalados 34 radiotelescópios. É impossível tirar os olhos de estrelas, galáxias e nebulosas, que parecem estar ao alcance da mão. E de esquecer a imagem dos anéis de Saturno.

Patrícia Trudes da Veiga viajou a convite da LAN Airlines e do hotel Tierra Atacama, com o apoio dos hotéis Awasi e Explora.

Para quem
Aventureiros que colocam o corpo à prova e buscam uma revelação para os sentidos, explorando cordilheiras, vulcões, salares e lagoas, em meio a um céu azul-turquesa sem nuvens, repleto de estrelas e com uma flora e uma fauna únicas

Quando ir
O ano inteiro (evite a lua cheia, que "esconde" as estrelas); os meses de meia-estação são os melhores, com temperaturas mais amenas; no inverno (de junho a agosto), ela varia de 9ºC a 24ºC, caindo para abaixo de zero nas madrugadas

Como chegar
De avião, o vôo Santiago-Calama dura 1h45; até San Pedro de Atacama, mais uma hora e meia de carro

Hora local
-1h em relação a Brasília

PATRÍCIA TRUDES DA VEIGA
da Folha de S.Paulo


Deserto do Atacama, impressionante do começo ao fim

Lago de sal no deserto de Atacama no Chile
Gêiseres, vulcões, lagoas altiplânicas, ruínas incas. Isso é só uma amostra do que se pode encontrar no Deserto do Atacama, considerado o mais alto e mais seco do mundo. Localizado na região norte do Chile, possui cerca de 200 km de extensão e paisagens fantásticas.

Indícios arqueológicos acusam a presença do homem há mais de 11 mil anos. Até hoje pode-se admirar as ruínas de Tulor, uma cidadela de casas circulares, nas margens secas do rio San Pedro, que data de quase 3 mil anos atrás. Esta cidadela está muito próxima de um dos cartões postais do Atacama, o Vale da Lua, uma enorme depressão no meio da cordilheira do Sal que se assemelha muito a paisagem lunar.

A leste dali, fica o Salar de Atacama, uma depressão entre a cordilheira andina e a cordilheira Domeiko. Com mais de 100 quilômetros de comprimento, esta imensa planície foi há muitos séculos atrás um enorme lago preso entre as montanhas. Sem vertedouro natural, a única saída da água era por evaporação, o que permitiu que enormes quantidades de sais mineiras ficassem depositadas em seu fundo. Hoje, as águas subterrâneas afloram somente em alguns pontos na forma de pequenas lagoas e a camada de sal se estende até 1.500 m metros de profundidade.

O salar do Atacama é o maior do Chile e percorrê-lo é uma viagem inusitada. Apenas algumas estradas pavimentadas com sal cortam sua superfície enquanto trilhas levam a lagos repletos de flamingos, cercados de sal cristalizado.

Como as temperaturas no deserto variam entre 0ºC à noite e 40º durante o dia, existem poucas cidades e vilas no deserto. Mas a mais conhecida com certeza é San Pedro do Atacama. Com cerca de 3000 habitantes, está a 2500 metros de altitude, o que a torna bem isolada. Praticamente um oásis no meio do deserto, é o principal ponto de encontro de viajantes do mundo inteiro.

Lá, o Museu La Paige é uma das grandes atrações pois conta a história do povo atacamenho e possui várias múmias, sendo as mais antigas com 2 mil anos.

Um grande vulcão pode ser visto de quase todas as ruas da pequena vila. É o Licamcabur, adorado pelos nativos como uma divindade há milhares de anos. Nas suas encostas existem várias ruínas incas e sua cratera esconde uma lagoa que passa 10 meses por ano congelada.

Um pouco mais ao norte está o também ativo vulcão Tatio, que apesar de não soltar fumaça de sua cratera, provoca outro tipo de atividade. Na sua base oeste, está um dos mais importantes campos de gêiseres do mundo. Ali todos os dias, ao nascer do sol, dezenas de buracos no chão jorram água e vapor a vários metros de altura.

O deserto do Atacama surpreende a todos os viajantes. Basta simplesmente caminhar por algumas vilas milenares ou por entre as inúmeras cidades fantasmas que existem no deserto.



Autor: Redação 360 Graus

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

No interior da Dinamarca, uma terra de conto de fadas


No interior da Dinamarca, uma terra de conto de fadas

Criança observa a estátua de Hans Christian Andersen na Legoland, em Billund, na Dinamarca / Foto: Eduardo Maia
ODENSE, DINAMARCA - Num reino muito distante, crianças passeiam como gigantes por uma cidade em miniatura, onde palácios e até animais são feitos de blocos coloridos; "homens do passado" encenam guerras e danças observados por "homens do futuro", e uma ilha ainda festeja, em placas e praças, o nome de seu filho mais ilustre, um menino desengonçado, filho de um humilde sapateiro, que venceu a pobreza e a feiúra para conquistar a simpatia do rei e se tornar o mais famoso entre seus compatriotas. No interior da Dinamarca, de onde Hans Christian Andersen tirou a inspiração para tantas histórias infantis, como "A pequena sereia" e "O patinho feio", cenários dignos de contos de fadas convidam o turista a deixar um pouco de lado a cosmopolita Copenhague. E virar criança na Legoland. E voltar ao passado em Odense, onde nasceu Andersen, e Ribe, a mais antiga cidade dinamarquesa.

De trono de Odin a berço de Andersen
Parte do casario antigo na rua onde Hans Christian Andersen passou a infância em Odense, na Dinamarca / Foto: Eduardo Maia
Diariamente, multidões disputam o espaço em frente à estátua da Pequena Sereia, em Copenhague. Não há momento em que o monumento, num dos pontos mais agradáveis da capital dinamarquesa, não esteja cercado por turistas entusiasmados e suas câmeras indóceis. O que muita gente não sabe é que, a aproximadamente 160 quilômetros a leste, outra estátua reproduz a sereiazinha Ariel. A diferença é que esta segunda está em Odense, terra natal do autor do conto, Hans Christian Andersen.

Apesar de seus poucos mais de 160 mil habitantes, Odense não é propriamente uma cidade pequena. Terceira maior do país e a principal da Ilha de Funen (Fyn, em dinamarquês), é um importante centro universitário (de vez em quando pesquisas produzidas em suas universidades ganham as páginas dos jornais), sede de grandes empresas da indústria naval e uma das cidades mais antigas do país, povoada há mais de mil anos. O nome Odense vem de "trono de Odin", principal deus da mitologia nórdica, e, durante a era viking, foi uma espécie de área sagrada. Dinamarqueses notáveis nasceram ali, como o compositor clássico Carl Nielsen e a tenista Caroline Wozniacki. Mas nenhuma referência é mais eficaz que "terra natal de Hans Christian Andersen".
Além de filho mais famoso da cidade, o escritor de contos infantis é provavelmente o dinamarquês mais conhecido no mundo e motivo de orgulho para praticamente todos os súditos da Rainha Margrethe II. Seu nome está em placas, ruas e praças. Mas é um sol estilizado, criado por ele próprio quando fazia modelos de papel para encenar suas histórias, que indica os pontos ligados ao autor. O sol de Andersen está espalhado por toda Odense, seja no alto de um poste, numa placa ou até mesmo pintado no chão, como o que sinaliza o local à beira do Rio Odense, onde sua mãe lavava as roupas da elite local. O ponto fica dentro do Parque H.C. Andersen, um dos mais agradáveis da cidade, ao fundo da Igreja de São Canuto, a principal de Odense, antigo local de sepultamento de reis dinamarqueses. Mas é a placa indicando que o escritor foi crismado ali que mais chama a atenção.
O sol estilizado indica os locais com alguma relação com H.C. Andersen em Odense, na Dinamarca / Foto: Eduardo Maia
A paisagem é até bucólica, mas guarda um dos tantos lados tristes da história do escritor: para suportar o frio intenso e seguir horas trabalhando ao ar livre e com as mãos molhadas, sua mãe bebia tanto que morreu em decorrência do abuso do álcool. Memórias tristes também vêm do H.C. Andersens Barndomshjem, a casa onde o escritor passou a infância, transformada em museu. O apertado cômodo que ele habitava com seus pais, que servia de quarto e oficina para o pai sapateiro, está preservado, indicando que a vida dos Andersen não era nenhum conto de fadas.
Mas é claro que o solzinho marca mais memórias boas que más. A maioria delas está no H.C. Andersens Hus, o museu dedicado à obra do escritor. A entrada é pela pequena casa onde ele nasceu, em 2 de abril de 1805. Mas logo se chega numa área em anexo, que guarda um impressionante acervo relativo aos famosos contos do autor como "A pequena sereia", "O patinho feio", "O soldadinho de chumbo", "A roupa nova do rei", "A princesa e a ervilha", "A Polegarzinha", entre tantos outros. São exemplares em diversos idiomas, cartas pessoais, diários, fotos, estátuas, quadros e até a reprodução fiel do apartamento onde que viveu os últimos anos, em Copenhague.
Famílias assistem a encenações de contos de Hans Christian Andersen no centro cultural dedidaco ao escritor, em Odense, na Dinamarca Foto: Eduardo Maia
O complexo tem ainda um teatro infantil, onde quase diariamente seus contos são encenados, em dinamarquês, com rápida explicação em inglês. A sorte é que histórias como "O patinho feio", "O soldadinho de chumbo", "A roupa nova do rei", "A princesa e a ervilha" e "A Polegarzinha" são conhecidas por todo mundo. Antes ou depois do teatrinho, as crianças podem brincar também num centro cultural infantil, o Fyrtojet, onde elas têm a sua disposição cenários, roupas e material de pintura.
Encerrado o tour H.C. Andersen, é hora de explorar as ruas de Odense. A cidade conserva muito bem seu passado, com casarões da forte burguesia local. Para quem gosta de compras, o eixo principal fica nas ruas Vestergade e Klaregade, onde estão também alguns dos principais hotéis, cafés e restaurantes do centro.
Mas é no casario mais simples que reside o charme de Odense. Tanto no entorno do Museu H.C. Andersen quanto perto da Igreja de São Canuto, tem-se a impressão de estar numa cidadezinha parada no tempo. Numa dessas ruas, a Nedergade, há uma loja que efetivamente ainda não chegou ao século XXI. A Kramboden só vende artigos antigos.
A estátua do ser mitológico, meio cavalo meio peixe, é uma das atrações do parque Muke Mose, em Odense, Dinamarca / Foto: Eduardo Maia
Descendo a rua Filosofgangen, chega-se ao parque Munke Mose. Há um pequeno ancoradouro, onde podem ser alugados botes, caiaques e pedalinhos - em formato de cisne, claro! Mas são os passeios pelo rio a principal atração. Balsas descem o Odense em passeios de até uma hora, quando é possível testemunhar uma outra cidade. Jardins bem cuidados, que são impossíveis de serem vistos das ruas, dão a impressão de que os moradores estão sempre competindo para ver quem consegue impressionar mais os turistas. Mas nada tem tanto impacto, principalmente entre as crianças, que as famílias de cisne que nadam lado a lado com as embarcações. Uma cena especial, sobretudo neste ponto da Dinamarca.
Há vários pontos no local, onde é possível embarcar e desembarcar. Um dos mais populares é o Zoológico de Odense. Algumas espécies podem ser vistas do lado de fora. Outra parada mais à frente deixa o passageiro num bosque, perfeito para caminhadas, jogging e piqueniques.
Mãe e filho tocam canções do século XIX na Fynske Landsby, em Odense, Dinamarca Foto: Eduardo Maia
Esse ponto é o ideal para chegar a uma outra área de interesse. Nada a ver com o charme burguês e urbano do centro histórico. Den Fynske Landsby ("A vila de Funen", em português) é um museu a céu aberto que tenta reproduzir um típico lugarejo da zona rural da ilha de Funen do século XIX. Vinte e seis construções dessa época, entre moinhos, casas e galpões, foram retiradas de diversos pontos da ilha e remontadas ali. Para dar ainda mais realidade ao cenário, voluntários vestem as antigas roupas, encarnam os costumes e ocupam esse espaço, proporcionando uma espécie de viagem no tempo. O visitante caminha pela vila e observa criações de animais, plantações, oficinas, charretes e até apresentações de música e dança. Num dado momento, a guia aponta para uma casa e explica aos visitantes:
- Essa é uma residência típica de uma família miserável do interior da Dinamarca no século XIX.
A plateia, de brasileiros, segura o riso. Explicar à guia a piada óbvia de que para ver miséria na Dinamarca é preciso ir a um museu, poderia demorar um bocado.
Era uma vez um conde e sua casa flutuante
Fora de Odense, Funen reforça seu caráter de zona rural. As (ótimas) estradas que cortam a ilha passam por plantações, criações de ovelha e vilarejos de nomes impronunciáveis. É exatamente esse cenário que o turista encontra na rota entre Odense e a minúscula Kvaerndrup, cuja grande atração é o Castelo de Egeskov.
O Castelo de Egeskov, nos arredores de Odense, na ilha de Funen, um dos mais interessantes da Dinamarca / Foto: Eduardo Maia
Num continente em que castelos são realmente parte da paisagem, o Egeskov é uma das atrações mais populares do país. E não sem razão. Além de ser considerada uma das construções renascentistas mais bem preservadas da Europa, é também centro de um complexo de entretenimento de fazer inveja a muito parque de diversões. Com a vantagem de ter quase 500 anos de história para contar.
Egeskov, em dinamarquês, significa "floresta de carvalho". O nome vem da lenda de que foi necessário derrubar uma floresta inteira para fazer os pilares de carvalhos que sustentam a estrutura sobre o fosso. Verdade ou não, por trás da engenharia que mantém um castelo desse tamanho quase flutuando sobre o espelho d'água não poderia haver uma história qualquer.
A construção, como é conhecida hoje, data de 1554. Desde então passou pelas mãos de um bom punhado de nobres. Até que o penúltimo dono, Conde Claus Ahlefeldt-Laurvig-Bille, abriu suas portas para o público, nos anos 1980. A atividade turística foi passada ao filho, o também conde Michael Ahlefeldt-Laurvig-Bille. E o caráter excêntrico do novo senhor do castelo vem ajudando a promover sua propriedade.
Mergulhador, ele explorou o fundo do fosso que cerca o castelo e criou um museu só com os utensílios domésticos centenários encontrados submersos. Nobre à moda antiga, mandou fazer uma armadura medieval sob medida, que o visitante vê assim que paga seu bilhete de entrada. E se quiser mais uma lembrancinha, pode também levar fotos do próprio conde trajado como cavaleiro medieval.
Dentro do castelo, a visita percorre salões decorados de forma bastante distinta. O primeiro cômodo, por exemplo, é a Sala da Caça, com as paredes cobertas por cabeças de animais empalhados, chifres e peles. No corredor em anexo, uma coleção de armas de todos os tipos e procedências, de rifle a arco e flecha.
O Salão Amarelo, um dos cômodos mais luxuosos do Castelo de Egeskov, nos arredores de Odense, na Dinamarca / Foto: Eduardo Maia
Mas há lugar também para exemplos de sofisticação, como a mobília do Salão Amarelo e o Salão das Louças. Sobra luxo até numa casa de bonecas, a Titania's Palace. Construída entre 1907 e 1922 por um rico irlandês para sua filha, a maquete é uma réplica perfeita de um palácio do início do século passado. A Lego adquiriu o "brinquedo" - que só foi finalizado quando a dona já era uma adulta - nos anos 1970 e há alguns anos emprestou para Egeskov.
Brinquedos de verdade são a atração da exposição que fica no sótão, uma das partes mais interessantes da construção. A coleção pode até não sensibilizar as crianças mais acostumadas com diversão eletrônica, mas agrada em cheio a pais e avós. É ali também que repousa o Homem de Madeira. Segundo a lenda, se a estátua for tirada de seu canto, Egeskov vai a baixo na noite de Natal. Há alguns anos, durante uma reforma do telhado, céticos operários removeram a peça de sua "cama". Dizem que durante dois dias barulhos estranhos estalaram por todo o castelo, até que a figura fosse devolvida a seu lugar.
Do lado de fora há mais para se ver. Os quatro labirintos, feitos com cercas vivas, são verdadeiras marcas registradas de Egeskov. Três deles são abertos ao público, que pode também circular por entre os muitos jardins espalhados pelo terreno em torno do castelo. Os destaques ficam para o Jardim da Cozinha, uma enorme horta, de onde sai o que é consumido pelas centenas de empregados do complexo, e para o roseiral, que tem seu auge entre junho e julho.
Carros e aviões antigos fazem parte do acervo do Castelo de Egeskov, nos arredores de Odense, na Dinamarca / Foto: Eduardo Maia
Em outra parte do terreno há um bosque usado para a prática de arvorismo. As pontes suspensas, entre uma árvore e outra, têm 100 metros de extensão a alturas que variam de 10 a 15 metros. E uma opção de diversão menos radical são os museus externos. Há coleções de carroças, carros, motocicletas, caminhões de bombeiro e até aviões antigos. Exagero? É pouco para um conde que mandou fazer uma armadura sob medida.
Não há nada de podre nos castelos do Reino da Dinamarca
Quando o assunto é castelo, a Dinamarca pode não ter a mesma fama que Escócia e França, por exemplo. Mas os slots ("castelos", em dinamarquês) não fazem feio. O mais famoso deles é conhecido em todo o mundo como o "castelo de Hamlet".
O castelo de Rosemborg, em Copenhague, onde estão as joias da Rainha da Dinamarca Foto: Eduardo Maia
Na tragédia de William Shakespeare, a história de Hamlet se passa no castelo de Elsinore, versão anglófona para Helsingor, e fez a fama de Kronborg, uma construção erguida para ser uma fortaleza, em 1420 e que, durante o reinado do rei Cristiano IV, ganhou a roupagem renascentista que identifica os principais castelos dinamarqueses. De tanto que a peça já foi encenada ali, até as paredes já estão cansadas de ouvir que "há algo de podre no reino da Dinamarca".
Kronborg guarda a entrada do Mar Báltico, a poucos quilômetros de Copenhague, no Norte da região de Zealand. Perto dali está o Frederiksborg, considerado o maior castelo do país. Espécie de versão ampliada de Egeskov, foi construído pelo rei Cristiano IV no começo do século XVII. Parcialmente destruído por um incêndio em 1859, teve sua restauração financiada pelo fundador da cervejaria Carlsberg, J.C. Jacobsen.
Mas não é preciso nem sair de Copenhague para ver um castelo. No centro do belo Konges Have está o Rosenborg Slot. Guardado por dois leões de bronze, chama a atenção, mas é no seu interior que está seu principal atrativo: as joias da coroa.
Na antiga Ribe, vikings continuam escrevendo sua história
Se alguém disser que é possível ver vikings com seus capacetes com chifres em Ribe, não acredite. Mas só porque eles nunca usaram esse tipo de adereço. Cidade mais antiga da Dinamarca, Ribe guarda bem vivas as memórias de 1.300 anos de história, de casas medievais a até mesmo uma vila viking.
Fundada por volta do ano 700 como um importante posto comercial no Mar do Norte, Ribe se tornou com o tempo o principal centro dinamarquês da Era Viking. Aqui também foi construída a primeira igreja do país, pouco antes do ano 1000, ao lado da atual catedral. Assim como em Odense, o centro histórico medieval convida a um passeio descompromissado, sem roteiro definido por entre suas ruas irregulares e casinhas coloridas ou de tijolos aparentes. Muitas delas exibem as marcas da história. Como a casa cuja porta indica a data 1582, o que significa que foi reconstruída após o grande incêndio de dois anos antes. Ou a de número 19 da Skibbroen, a rua que acompanha o Rio Ribe, que ostenta uma régua de madeira ao lado da porta mostrando a altura a que chegou o nível do rio em algumas inundações memoráveis. A de 1634 chegou a dois metros.
Entre as atrações de Ribe está seu Museu Viking, com barcos, armas, ferramentas e outros utensílios, além de reproduções de cenas do cotidiano deste povo, sempre ligado à imagem de bárbaros ao longo dos séculos, mas que também se destacou na navegação e no comércio. Os elmos com chifre apareceram apenas no século XIX, a partir das óperas de Richard Wagner. Mas até hoje são vendidos como água para os turistas.
Em pleno século XXI, 'vikings' do Vikingcenter em Ribe, a cidade mais antiga da Dinamarca, preparam uma refeição como se fazia há mil anos / Foto: Eduardo Maia
Mas para quem quer a história um pouco mais, digamos, viva, o melhor é seguir para o Ribe Vikingcenter, o centro viking instalado a poucos minutos do centro da cidade, em plena zona rural. Trata-se de um enorme espaço, quase todo a céu aberto, onde a intenção é reproduzir o cotidiano da antiga Ribe.
Logo na entrada, vikings e cristãos se preparam para um duelo, num descampado. Há xingamentos e provocações de lado a lado e, como num filme hollywoodiano, de repente os dois exércitos se chocam. Câmeras digitais dos frequentadores captam tudo, claro.
- Cada dia há um ganhador diferente. Aqui a história pode ser reescrita - diz o diretor do centro, Bjarne Clement, para quem as batalhas são apenas uma de tantas tentativas de preservar a história dessa parte da Europa. - No ano que vem vamos fazer um festival de comida nórdica antiga. Achamos importante que as pessoas conheçam um pouco do nosso passado.
No Centro Viking de Ribe, a cidade mais antiga da Dinamarca, há demonstrações de falcoaria / Foto: Eduardo Maia
Nem que para isso seja preciso andar descalço, se vestir como há mil anos e dormir em barracas sem aquecedor. Assim vivem dezenas de artistas ou curiosos, funcionários do centro ou voluntários, durante os meses de menos frio. Alguns se dedicam a trabalhos artesanais, outros atuam como ferreiros, carpinteiros, cozinheiros, sempre com a tecnologia da era viking. Muitos deles vendem o que produzem aos turistas. Mas outros estão ali só para aprender ou passar o verão de uma forma diferente.
As crianças se divertem mais na área onde instrutores ensinam a atirar com arco e flecha e adestradores fazem demonstrações de falcoaria. Também há montaria em cavalos islandeses, uma raça que só existe naquele país e que, acredita-se, é a mais semelhante com os animais que os escandinavos usavam há um milênio. Dentro de uma casa maior, espécie de centro da aldeia, pinturas explicam a mitologia nórdica e uma mulher toca flauta e declama uma poesia que nem os dinamarqueses parecem compreender. No fim da visita, um grupo de guerreiros vikings cruza com Clement e um deles anuncia, sorrindo:
- Ganhamos hoje!
Quando crianças se tornam gigantes
Ir a Jutland e não visitar a Legoland é como estar em Orlando e não passar para dar good morning a Mickey Mouse. O parque temático da Lego, a fábrica do brinquedo que nasceu na Dinamarca, foi inaugurado em 1968, dando início a uma franquia que se espalhou pelo mundo. Da América do Norte à Ásia, o modelo que começou na cidade de Billund se provou um sucesso.
Na entrada da Legoland, em Billund, Dinamarca, palhaços são feitos de blocos de plástico / Foto: Eduardo Maia
Aqueles que já montaram casas, carros e naves espaciais com os coloridos blocos plásticos, ou os que já acompanharam filhos ou sobrinhos nessa brincadeira, não vão passar impunes ao parque, ainda que o público-alvo sejam crianças de até 12 anos. Neste caso, o clichê se confirma: é diversão para toda a família. Principalmente na Miniland, a área onde estão réplicas de monumentos e prédios dos quatro cantos, como a Estátua da Liberdade, a Acrópole e o Capitólio. Há até versões compactas de Copenhague e Amsterdã. Para fazer tudo isso, foram usadas 20 milhões de peças.
Em toda a área do parque, de 140 mil metros quadrados, 59 milhões de blocos coloridos foram empregados. No minissafári, leões, girafas e outros animais são feitos de blocos plásticos. Assim como as múmias do Templo Egípcio, os vikings do River Splash, e os papagaios do Pirate Land, para falar de alguns dos brinquedos mais agitados. O dos piratas, por exemplo, envolve barquinhos equipados com canhões de água que disparam jatos para todos os lados. Sobra até para os que estão em terra firme. Para quem quer menos adrenalina, o trenzinho é a solução.
A réplica do Capitólio de Washington DC, uma das que estão na Miniland, na Legoland, na Dinamarca / Foto: Eduardo Maia
A temporada de 2011, que termina em 31 de outubro (o parque fecha entre novembro e final de março) marcou a estreia da atração Guerra nas Estrelas. Robôs, naves e alguns dos personagens da série de George Lucas estão representados no brinquedo, que serve também para alavancar a venda dos novos modelos, disponíveis em diversos postos espalhados pelo parque e na loja oficial, a maior da marca do mundo. Mas há coisas que o dinheiro não compra. Como ver o susto de uma senhora com o boneco que ronca num banco ou as crianças fazendo fila para serem fotografadas ao lado da estátua, feita de blocos de plásticos, dele (quem mais?): Hans Christian Andersen.
SERVIÇO
COMO CHEGAR
De trem: A malha ferroviária dinamarquesa é bastante abrangente. Passagens e itinerários no site www.dsb.dk .
De carro: As estradas são boas e bem sinalizadas. A diária de um carro popular na Europcar sai a partir de R$ 307. Na Hertz, R$ 316.
ONDE FICAR
First Hotel Grand: Diárias a partir de R$ 307. Jernbanegade 18, Odense. Tel. (45) 6611 7171. firsthotels.com
Ribe Byferie: Diárias a partir de R$ 263. Damvej 34, Ribe. Tel. (45) 7988 7988. ribe-byferie.dk
PASSEIOS
Museu H.C.Andersen: Fechado às segundas-feiras. Ingresso a R$ 18 (menores de 18 não pagam). museum.odense.dk
Passeio de barco: Diariamente, de abril a setembro. Tíquetes a R$ 12 (crianças) e R$ 24, ida e volta. aafart.dk
Vila de Funen: Fechado às segundas-feiras. Ingresso a R$ 18 (menores de 18 não pagam). museum.odense.dk
Castelo de Egeskov: Diariamente, de abril a outubro. Entrada: R$ 47 (menores de 12 anos pagam meia). egeskov.dk
Vikingcenter: Aberto de segunda a sexta-feira, de maio a outubro. Ingresso a R$ 28 (crianças até 13 anos pagam meia). ribevikingecenter.dk
Legoland: Diariamente, de abril a outubro. Ingressos a R$ 77 (crianças de até 12 anos) e R$ 86. Passaportes para família custam R$ 314. legoland.dk
Eduardo Maia viajou a convite do Visit Denmark.

Eduardo Maia (oglobo.com.br)

domingo, 11 de setembro de 2011

Rua de Porto Alegre ganha fama de 'mais bonita do mundo'


Rua de Porto Alegre ganha fama de 'mais bonita do mundo'


Imagens de um enorme tapete de árvores, espremido em meio aos prédios, correram o mundo pela internet e deram à rua Gonçalo de Carvalho, na região central de Porto Alegre, a fama de ser "a mais bonita do mundo".


Em quase 500 metros de calçadas, estão enfileiradas mais de cem árvores da espécie tipuana, que chegam a alcançar o sétimo andar dos edifícios em alguns casos.

Moradores mais antigos contam que as tipuanas foram plantadas na década de 1930 por funcionários de origem alemã que trabalhavam em uma cervejaria no bairro.

Em 2005, a construção de um shopping nas proximidades trouxe o risco de mudanças nesse cenário, o que levou os moradores a se mobilizar.

Fotografias circularam entre grupos de ambientalistas, e o "túnel de árvores" se tornou cada vez mais conhecido. Em 2008, um biólogo português viu as fotos e escreveu em seu blog que era a rua mais bonita do mundo.

O apelido "pegou" e a rua ficou famosa na internet. "Traduziram [textos sobre o lugar] para inglês e tailandês. Passou a ser um viral", diz o artista gráfico César Cardia, 59, da associação de moradores do bairro. Ele tem um blog sobre a via (goncalodecarvalho.blogspot.com).

A divulgação deu certo: o calçamento de paralelepípedos foi mantido, o que evitou a impermeabilização do solo e preservou as tipuanas. Nenhuma árvore foi derrubada.
Como bônus, a rua ainda foi declarada "patrimônio ambiental" pela prefeitura e foi incluída na rota dos pontos turísticos de Porto Alegre. "Volta e meia tem gente aqui tirando fotografia", diz a moradora Silvana Pires, 45.

Jefferson Bernardes/Folhapress

Rua Gonçalo de Carvalho, na região central de Porto Alegre, via ficou famosa na internet; veja mais imagens




FELIPE BÄCHTOLD
DE PORTO ALEGRE

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Praia de Gulpiyuri, uma maravilha do mundo

A fascinante e paradisíaca praia de Gulpiyuri, situada nas Astúrias, tem uma particularidade única: está localizada terra adentro, para ser mais exato, a cem metros do mar no meio de uma área agrícola. A pequena praia de areia bem fininha possui um pequeno oco circular de 50 metros de diâmetro com água do mar que está interligada com a costa.

O isolamento geográfico permitiu um relativo bom estado de conservação desta pequena e delicada jóia natural. A profundidade e o tamanho da zona de água não permite um exercício solto de natação, mais é possível mergulhar e molhar o corpo.


Em uma costa com um despenhadeiro de rocha de calcário, o mar foi criando uma gruta para o interior até que o fundo da gruta cedeu -um fenômeno cárstico conhecido como dolina-, deixando um pequeno vão circular de 50 m de diâmetro a 100 m distante da costa. Este afundamento permanece com um canal subterrâneo intacto até o mar e está também sujeito ao fluxo das marés.


mdig.com.br

10 monumentos religiosos antigos mais intrigantes

Mesmo quem não é religioso há de concordar que a crença em uma força superior, um Deus ou deuses, tem desempenhado um papel central na história da humanidade desde seu início até agora. Por isso, não é de se surpreender que algumas das estruturas mais monumentais de todos os tempos tenham tido funções religiosas.
Hoje em dia, tudo o que resta de muitas dessas construções são apenas ruínas. Outras edificações – como por exemplo o imponente Pantheon em Roma, Itália – foram construídas para deuses em quem a sociedade atual não mais acredita. Em todo o caso, confira a lista dos 10 maiores monumentos religiosos que ainda podem ser visitados:

1 – O COMPLEXO DO TEMPO DE KARNAK (EGITO)

Ok, todos nós sabemos que o apogeu do Egito Antigo ocorreu um bom tempo atrás, mas o início da construção desse complexo impressiona: século 14 a.C. – ou seja, há mais de 3 mil anos. O faraó Ramsés II foi quem ordenou a edificação dos templos de Karnak, que agora reúnem milhões de turistas na região da cidade de Luxor, ao lado do Rio Nilo. Considerado um dos maiores monumentos religiosos do mundo atual, o Templo de Karnak é composto por vários santuários esculpidos em rochas. O grande templo de Amon-Rá é a maior atração do complexo.
E se, a julgar pela fotografia, você achou o local um tanto familiar mesmo sem ter nunca chegado perto do Egito, há uma explicação. O Complexo do Templio de Karnak é um dos lugares mais procurados por diretores de cinema de Hollywood para rodar filmes sobre o assunto. O último da vez foi “Transformers: A Vingança dos Derrotados”.

2 – PEDRAS DE CALLANISH (REINO UNIDO)

As pedras de Callanish, localizadas na ilha de Lewis, a 468 quilômetros ao norte de Glasgow, Escócia, datam de cerca de 2.900 anos a.C. – ou seja, são ainda mais antigas que nosso número 1 na lista. O local foi construído aproximadamente na mesma época que outro lugar semelhante (e com certeza mais conhecido): Stonehenge. A grande diferença entre os dois está exatamente na fama. Enquanto Stonehenge é mundialmente famoso – e sempre lotado de turistas -, as pedras de Callanish ainda preservam a tranquilidade e a atmosfera do campo desabitado, como era no princípio.
Reza a lenda que as pedras são na verdade gigantes de origem celta que habitavam a região. Quando São Kieran chegou lá e os nativos se recusaram a ser convertidos ao cristianismo, o santo os transformou todos em pedra.

3 – ZIGURATE DE UR (IRAQUE)

Primeiro de tudo, “zigurate” é uma torre gigantesca, semelhante à de Babel, descrita pela Bíblia. Acredita-se que a de Ur, localizada no atual país Iraque, seja parecida com as descritas na mais antiga história escrita que possuímos hoje em dia: a Epopeia de Gilgamesh. Lá, o rei de Uruk, chamado justamente Gilgamesh, se orgulha dos templos poderosos por ele construídos. A epopeia data pelo menos do segundo milênio antes de Cristo.
O Zigurate de Ur, o primeiro construído na Idade do Bronze e reconstruído várias vezes desde então, é uma grande pirâmide achatada edificada para homenagear o deus Nanna. A estrutura visível hoje foi fortemente reparada por Saddam Hussein, embora possam ser notados pequenos danos sofridos ainda na primeira guerra do Golfo. Mesmo que o local ainda atraia poucos turistas, o zigurate certamente é uma das maiores maravilhas do mundo antigo ainda visível.

4 – AS PIRÂMIDES DE TEOTIHUACAN (MÉXICO)

Muito mistério envolve a cidade de Teotihuacan (que já foi uma das grandes maiores do mundo na sua época, cerca de 450 a.C.) e as pirâmides que lá se localizam. Não há um consenso sequer quanto ao povo que construiu e ocupou a região. O que se sabe é que a cidade e principalmente a região das pirâmides era muito importante e movimentada.
Duas grandes pirâmides, a do Sol e a da Lua, dominavam a cidade. Imagina-se que do alto dessas edificações eram organizados sacrifícios tanto humanos quanto animais. A grande “Avenida dos Mortos”, ainda hoje visível a quem deseja visitar o lugar, ligava as duas pirâmides, e depois seguia em direção ao templo de Quetzalcoatl. Indícios encontrados por estudiosos sugerem que a rua era utilizada em grandes festas religiosas, muitas delas relacionadas à morte – daí o nome pela qual ficou conhecida.

5 – DELFOS (GRÉCIA)

A cidade de Delfos teve um papel simbólico muito importante no mundo ocidental. Apesar de atualmente parecer menos monumental que os outros números da lista, o local outrora foi o centro do culto a Apolo (deus da luz, da música, entre outros) e respeitado por todas as cidades-estados gregas como um lugar sagrado. O complexo do templo, que incluía santuários e até estádios, agora se encontra em ruínas nas encostas do Monte Parnaso, mas continua sendo um ponto de encontro importante.
No passado, nenhuma questão importante do Estado poderia ser resolvida sem antes ser consultada a opinião do conselho do Oráculos de Delfos. Na hora de tomar grandes decisões, uma sacerdotisa conhecida como pítia, ou pitonisa, sentava-se acima de uma fenda na rocha sob o templo e inalava o que acreditavam ser “vapores divinos” (que na realidade eram apenas gases vulcânicos). A pítia então entrava como que em estado de transe provocado pelos gases e dizia palavras aleatórias e sem sentido – o “discurso do Apolo”. Os sacerdotes em seguida deviam interpretar os dizeres incompreensíveis aos demais. Hoje em dia, infelizmente não são emitidos mais gases sob o templo.

6 – BOROBUDUR (INDONÉSIA)

Esse monumento está em perigo. A estrutura budista datada do oitavo século (agora sim, depois de Cristo), que estava perdida na selva até meados do século 19, está numa área de risco de vulcões. A erupção mais recente, em 2010, cobriu o local com uma fina camada de cinzas, mas ninguém pode prever a intensidade do próximo acontecimento.
Enquanto continua firme e forte, Borobudur é composta de 56 mil metros cúbicos de pedra, arranjadas em seis plataformas quadradas. Existem 500 estátuas de Buda para oração. Os seis níveis formados por essas plataformas criam um caminho que deve ser seguido para se chegar ao topo. Mas a tarefa não é nada fácil: é preciso percorrer uma distância de mais de três quilômetros. No entanto, o caminho ainda oferece uma distração. Imagens sobre a lei do Karma e sobre a história da vida de Buda acompanham os aventureiros.

7 – AS CAVERNAS DE AJANTA (ÍNDIA)

Outra maravilha que ficou esquecida durante séculos. Contruída entre 200 a.C. e 600 d.C., as caverna foram redescobertas apenas em 1819 por um oficial britânico, John Smith, enquanto caçava tigres. Você ainda pode ver seu nome e a data da descoberta escritos a lápis nas paredes do local.

Foram escavadas 29 cavernas, algumas delas ricamente decoradas com belas esculturas e pinturas, consideradas obras-primas da Índia Antiga. Como parecia ser comum na época, a maior parte destes frescos contam a história da vida de Buda, enquanto outros oferecem uma visão clara sobre a vida dos povos antigos que habitavam a região na época em que as cavernas foram esculpidas.

8 – O PANTHEON (ROMA, ITÁLIA)

Localizado bem no centro da cidade, o Pantheon (que significa “todos os deuses”) é um dos mais bem preservados edifícios romanos. Originalmente construído com o intuito de prestar homenagens aos diversos deuses da Era Romana, o Pantheon foi convertido à Igreja Cristã no século 7. A estrutura atual é praticamente a mesma projetada pelo imperador Adriano no remoto ano de 126 a.C.
A fachada do edifício é um pórtico romano clássico, apoiado por colunas. A diferença do Pantheon é o seu interior. Além do seu formato arredondado, ele possui um buraco circular – o óculo – no meio de sua maior cúpula. A inovação foi planejada e posta em prática pelos próprios romanos antigos. O óculo foi pensado para ser a única fonte de luz, numa alegoria elegante a Deus. Em nenhum momento a luz toca o chão no interior da construção. A mensagem é que tudo o que nós podemos conhecer de Deus se dá por meios indiretos.

9 – O HIPOGEU (MALTA)

O Hipogeu, um monumento funerário subterrâneo característico do período pré-cristão, começou a ser construído no remotíssimo ano de 3500 a.C., aproximadamente. Trata-se do único exemplo de um templo pré-histórico a ser construído no subsolo. O espaço tem sido utilizado de diversas formas pelos diferentes povos que o ocuparam durante a sua história.
Atualmente, o Hipogeu é uma mistura de cavernas naturais e escavações. As paredes são suavemente esculpidas e têm reflexos de estruturas encontradas em outros lugares acima do solo em Malta. Uma curiosa câmara dentro do complexo possui um nicho arredondado esculpido na parede, permitindo que qualquer coisa falada dentro dela ecoe por todo o Hipogeu. Se você ficou com vontade de conhecer o local, precisa de paciência e uma pitada de sorte. Devido à preservação das pinturas no teto e da estrutura muito antiga em si, apenas 80 pessoas são admitidas por dia.

10 – GÖBEKLI TEPE (TURQUIA)

Se você achou o nosso número 9 antigo, o Göbekli Tepe (cuja tradução do turco para o português seria algo estranho como “montanha com umbigo”) é pré-histórico. Trata-se da mais antiga estrutura artificial já descoberta. O sítio arqueológico é composto por vinte estruturas circulares espalhadas por uma colina. O que resta hoje são pilares de pedra calcária decorados com desenhos abstratos de animais. Até agora, já foram encontradas representações de cobras, escorpiões, pássaros, javalis, raposas e leões.
Devido à remota idade do local – décimo milênio antes de Cristo! -, não foi ainda possível precisar se os monumentos em questão têm alguma natureza religiosa, apesar das evidências indicarem que sim. Caso se confirme que este foi um templo, então não há dúvidas de que Göbekli Tepe foi um dos primeiros locais dedicados à religião já feito pelos humanos. [Listverse]