sexta-feira, 22 de abril de 2011

Santa Cruz de la Sierra, a maior cidade da Bolívia.

Santa Cruz de la Sierra , vulgarmente conhecida como Santa Cruz , é a cidade capital do departamento de Santa Cruz, no leste da Bolívia . O município população era 1.756.926 em 2010 (estimativa oficial) ea população urbana é de 2.102.998 em 2010 (estimativa oficial) que a torna a maior cidade da Bolívia.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Extremo sul da Patagônia tem menos um de habitante por quilômetro

Mas a cidade de El Chaltén recebe vários visitantes interessados em visitar o Fitz Roy, uma das montanhas mais magníficas do planeta e também uma das mais desafiadoras.

Nossos caminhos cruzam a Rota 40, principal rodovia que leva ao extremo sul da Patagônia Argentina. A paisagem parece se repetir, mas não cansamos de olhar. É por ela que seguimos, acompanhando os Andes.
Encontramos dois ou três carros e quase nenhuma alma viva. É que nessa parte do mundo você pode andar horas e horas e não encontrar ninguém. Existe menos um habitante por quilômetro. São os guanacos, que vivem em bandos, e as emas, animais típicos da região que se movimentam. A Rota 40 é caminho para um dos lugares mais charmosos: El Chaltén.


À primeira vista, são as geleiras silenciosas e imensas que nos deixam hipnotizados. Mas outra visão também impressiona muito. Cerros e montanhas se erguem de repente da planície, como o Cerro Fitz Roy com seus 3.405 metros de granito. Rodeado por picos e encoberto por nuvens brancas, ele é uma das visões mais imponentes da parte norte do Parque Nacional.

É ele que nós vemos primeiro ao chegar em El Chaltén, uma cidade pequena e nova. Tem só 25 anos, quase nenhuma preocupação estética, mas é cheia de flores coloridas em frente às casas e com muitos visitantes.
Fitz Roy é uma das montanhas mais magníficas do planeta e também uma das mais desafiadoras. Recebe aventureiros do mundo todo. Algumas vezes, o sonho de domar esse gigante acaba lá no alto. Muitos não voltam. Mas, pelo menos um pouco, qualquer um pode experimentar sem perigos o gostinho do Fitz Roy. Na trilha estreita e irregular, seguimos na companhia de dois professores do Instituto Argentino de Neve e Glaciar.


Eles pesquisam clima, gelo, vegetação e os rios que contornam as montanhas. “A cor da água é essa, porque ela está transportando partículas muito pequenas que movem os glaciares. Em castelhano, dizem leite de glaciar”, afirma o diretor do Instituto Argentino de Neve e Gelo, Ricardo Villalba.

Às vezes, falta fôlego, mas não é só pela subida, mas pela vista, pela imponência do Cerro Solo, com uma geleira que parece se derramar sobre ele.

No meio da subida, encontramos uma fonte de água geladinha. Com ânimo renovado, continuamos subindo a montanha. Nós nos embrenhamos na floresta para analisar as marcas do lugar.

“O que procuramos é que a árvore nos conte a história do lugar. Uma árvore, através do seu crescimento, vai transformando a energia do meio ambiente, do sol e da chuva em um lenho que se forma todos os anos. Falamos que a árvores formam anéis de crescimento”, explica Alberto Ripalta, do Instituto Argentino de Neve e Gelo.

Com a ajuda de uma manivela o professor retira uma amostra da árvore. Nela, está a história de crescimento da árvore.

“Cada anel vai representar o ano climático. Tem 250 anos de clima com suas variações. Ela pode demonstrar como foi o avanço ou retrocesso, a dinâmica dos últimos 50 anos para cá. Anos de pouca precipitação ou anos que tenham sido muito quentes significam que a geleira está derretendo”, destaca Alberto Ripalta, do Instituto Argentino de Neve e Gelo.

Na Patagônia, tudo está ligado: as árvores, os animais, as montanhas e o gelo. O professor Ricardo Villalba diz que as geleiras são como uma voz de alarme. Funcionam como um termômetro do que está acontecendo no planeta.

“Nós estudamos como o clima dessa região vive mudando e como as mudanças climáticas estão afetando os recursos naturais, principalmente as geleiras e os bosques que as rodeiam”, diz o diretor do Instituto Argentino de Neve e Gelo.

Uma hora e meia e seis quilômetros depois e para recuperar o fôlego, vislumbrando um espetáculo em que o sol bate na geleira dando um tom azulado.



Rosane Marchetti
El Chaltén e Cerro Fitz Roy, Argentina

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Fernando de Noronha vive no ritmo da natureza

Contemplar a paisagem exuberante do arquipélago de Fernando de Noronha, cuja descoberta data dos primeiros tempos das navegações europeias rumo ao Novo Mundo, é, ainda hoje, se deparar com o mar cristalino, a abundante fauna marinha e muita natureza.


Entardecer visto a partir do mirante do Boldro 

Cerca de 70% do território integra um parque nacional marinho e, assim, essas ilhas também encerram privações em nome do preservacionismo --muitas praias têm restrições de uso, como horário certo para fechar.

Tartarugas marinhas, golfinhos-rotadores e vários outros bichos são presenças tão frequentes que fazem parte da paisagem.

Adriano Vizoni/Folhapress

Peixes na praia do Sueste, no arquipélago de Fernando de Noronha



Esse intenso contato com a natureza faz com que seja difícil achar um "ilhéu" (ou habitante de Fernando de Noronha) que não saiba recitar de cor as principais espécies que passam por lá e as medidas para sua conservação.


O paraíso, claro, tem seu preço. Estar a 550 km do continente em Recife (PE) impõe dificuldades logísticas ao arquipélago. Isso encarece (muito) produtos e serviços.

Custando mais de R$ 3,70 o litro, a gasolina vendida no único posto de combustível de Fernando de Noronha é a mais cara do Brasil.

Comer e beber também sai bem mais caro, mas as opções costumam ser charmosas e saborosas. Os frutos do mar são destaque.

Às quartas e sábados, o show é do chef Zé Maria, o mais famoso do arquipélago, dono da pousada que leva seu nome. Ele promove um festival gastronômico com mais de 50 pratos. É obrigatório fazer reserva, pois pode ser difícil conseguir mesa.
Buraco da Raquel


Para pagar por tudo isso, o ideal é sacar dinheiro ainda no continente. A aceitação de cartões de crédito e débito aumentou bastante nos últimos anos por lá, mas há instabilidade na rede.

Além disso, ainda há poucos caixas eletrônicos e a única agência regular é do banco Santander.

HOSPEDAGEM

O jeito mais barato de se hospedar em Noronha são as pousadas domiciliares. Há dezenas em vários pontos.

As acomodações costumam ser simples. Quase todas têm ar-condicionado e incluem café da manhã. Mas quem busca mais conforto, pode optar por um dos hotéis do arquipélago.

Embora a área do arquipélago seja pequena, o jeito melhor para se deslocar são os buggies. As estradas vicinais que levam às principais praias costumam ser acidentadas, dificultando o acesso de outros veículos.
Praia do Sueste

Se o visitante não quiser guiar, há motoristas que fazem serviço de táxi. Não há taxímetro, mas, sim, uma tabela de referência que pode ser conseguida no ponto da Vila dos Remédios. Em geral, combina-se o preço da corrida antecipadamente, assim como um horário para o carro levar e buscar.

Existe ainda uma linha de ônibus que percorre a BR-363 _a segunda menor rodovia federal do Brasil, com cerca de 7 km. Ela liga o porto de Santo Antônio à praia do Sueste. É preciso ficar atento à frequência, que pode mudar ao longo do dia.

BAGAGEM

Calças jeans e casacos são itens quase supérfluos. Roupas leves e sandálias são a pedida. Nessa época, como algumas trilhas como a da praia do Leão e a do Atalaia podem estar enlameadas, convém levar tênis.

Protetor solar e repelente são fundamentais. Lá, a variedade de marcas é restrita e os preços, altos. E as farmácias são raras: não se esqueça de colocar na mala medicamentos de uso contínuo.

Folha

A cosmopolita Buenos Aires à noite

Buenos Aires, como toda cidade cosmopolita, oferece várias opções para serem desfrutadas à noite. Muitos turistas vão à cidade em busca de um bom espetáculo de tango -sua música emblemática. Para eles, o bairro San Telmo - com seus edifícios centenários - é sem dúvida o melhor lugar para escutar o "dois por quatro" em seu ambiente mais adequado.

Essa região, a mais antiga da cidade, guarda diversos redutos onde se pode ver e ouvir tango em espaços que refletem seu espírito original, quase virgem de contaminações turísticas.

Mas a noite portenha não se limita ao tango. Para os jovens que desejam diversões mais contemporâneas, há muitas opções de discotecas e bares.

Na Recoleta, em um convento abandonado, foi construído o "Buenos Aires Design", um shopping de decoração que abriga em suas varandas -com vista para um belo vale- um complexo gastronômico com vários tipos de culinária.

A partir das 2h, muitos desses restaurantes oferecem música ao vivo, convidando os clientes a dançar. Além disso, no local se estabeleceu o clássico Hard Rock Café.

Em Palermo, abaixo de uma linha de trem, se desenvolveu outro pólo noturno, "Los Arcos", com cerca de dez discotecas. De quinta a domingo, o local é "infernal", não que seja muito diferente nos outros dias da semana.

Os jovens (e os não tão jovens) argentinos parecem estar sempre dispostos a "trasnochar" (virar a noite), sem se importar com as poucas horas de sono que sobrarão antes de começarem um novo dia de trabalho.

Os turistas que vão a Buenos Aires e pretendem conhecer sua noite devem saber que convém começar a jantar por volta de 21h, 22h ou até mesmo 23h. Assim, se estiverem cansados, poderão fazer uma "siesta" antes de sair para dançar ou tomar algo a partir das 2h.

As saídas podem durar toda a madrugada e acabarem com um café-da-manhã restaurador com café, leite e croissants (medialunas).

Uma nova moda portenha são os pubs irlandeses. Confinados na City ou Microcentro, próximos aos grandes prédios de escritórios, oferecem happy-hour que ajudam a atrasar a volta dos trabalhadores aos seus lares. Esses bares permanecem abertos pelo menos até as 4h.

Outro conhecido ponto de encontro é a Costanera, sobre o rio da Prata. Ali também se encontram discotecas e bares, alguns com mesas de bilhar, pebolim e fliperamas.

Boliches, pistas de patins no gelo, karaokê, shows de artistas nacionais e internacionais, importantes musicais ao estilo da Broadway ao longo da avenida Corrientes -a rua dos teatros- são outras das boas opções noturnas.
A frase "a cidade que nunca dorme" também pode se aplicar a Buenos Aires, mesmo que pela manhã custe a despertar.

Javier La Loggia é argentino, jornalista e trabalha no "La Nacion Line".

Fonte: Folha online

domingo, 10 de abril de 2011

Itacaré: Um paraiso próximo a Ilhéus na Bahia

Durante muitos anos, o acesso difícil – mais de 50 km de estrada de terra -, manteve Itacaré isolada. Só em 1998 foi concluído o trecho da BA-001 que liga Ilhéus à pequena cidade.
embratur.gov.br.

Desde então, o número de turistas está sempre crescendo. Muitos hotéis, pousadas e restaurantes foram construídos. Além disso, muitas praias ficam desertas durante a maior parte do ano. Itacaré continua sendo o refúgio dos amantes da natureza, do surfe, da capoeira e da Bahia autêntica.

Com suas ruas de paralelepípedos e seus antigos casarões, a cidade conservou todo o charme do passado. Muitos bares e restaurantes fazem da noite de Itacaré uma das mais animadas da região.

Seu litoral é uma sucessão de praias e de morros cobertos por florestas e coqueirais. As praias localizadas perto da cidade são as mais freqüentadas e possuem boa infra-estrutura turística.

As mais afastadas são desertas e lindíssimas, mas poucas oferecem acesso para carros. Há, ainda, algumas praias tão pequenas e escondidas que nem constam nos guias turísticos.

Informação básica

Clima
O clima é tropical. As temperaturas variam entre 25oC e 30oC, mas podem chegar aos 40oC durante o verão – de dezembro a fevereiro. O sol é companhia o ano todo, mas as chuvas são mais freqüentes durante o inverno, entre de maio e agosto.
Dados da cidade
Itacaré
Estado: Bahia
Região: Nordeste
População: 18.120 habitantes
DDD: (73)
Distâncias
Salvador: 440 km
Itabuna: 98 km
Feira de Santana: 362 km
Hospedagem / Restaurantes

A maioria das pousadas de Itacaré fica na praia da Concha, próxima ao centro.
Quanto à alimentação, da culinária típica baiana à cozinha internacional, a cidade tem opções para todos os gostos. Conheça algumas delas nos sites abaixo:

http://www.brasilviagem.com/cidades/?CodCid=80
http://www.itacare.com

Como chegar
Via Aérea: o aeroporto mais próximo de Itacaré fica em Ilhéus, e recebe vôos das principais cidades do País. O aeroporto internacional mais próximo é o de Salvador.

Via Rodoviária: o acesso é pela BA-001, a nova estrada de asfalto que liga diretamente Ilhéus a Itacaré seguindo o litoral. Pode-se alugar um carro no aeroporto de Ilhéus. Vários ônibus saem diariamente de lá para Itacaré pela companhia Rota. A viagem dura no máximo 01h40.
Serviços
Agências de turismo
Bahia Alegria: +55 (73) 3251-3461
Itacaré Ecoturismo: +55 (73) 3251-2224.
Rodoviária: +55 (73) 3251-2200
Atrações


Praias


Praia do Resende


Pequena enseada com imensos coqueiros, areia branca, piscinas naturais e ondas boas para surfar. Fica perto do centro, mas não tem infra-estrutura, pois fica em uma área de proteção visual, onde qualquer construção é proibida. O acesso se faz a pé por uma pequena trilha que sai da rua principal (o Caminho das Praias) onde é possível estacionar.

Praia da Concha
A praia com maior infra-estrutura turística de Itacaré. Localizada perto do centro da cidade, a Praia da Concha possui águas calmas, sem ondas, e muitos coqueiros. Várias cabanas servindo bebidas e tira-gostos fazem da Concha a praia mais agitada do verão. Voltada para o Norte, de frente para a enseada do Rio de Contas, a praia oferece um dos mais lindos visuais de Itacaré. O final da praia, perto do farol, é o melhor lugar para apreciar o pôr-do-sol.

Praia da Tiririca
Com ondas fortes, a Praia da Tiririca é freqüentada o ano inteiro por surfistas. É considerada o melhor pico de ondas do Estado da Bahia.

Praia do Costa

Pequena praia com muitos coqueiros, a 1 km da cidade. Localizada entre a Tiririca e a Ribeira, a Praia do Costa possui areia branca e solta. Apesar do acesso fácil, não há nenhuma infra-estrutura. Pouca gente freqüenta esta praia. Nadar aqui é perigoso em razão das fortes correntezas. Se não for para curtir o lindo visual, é melhor ir às praias vizinhas.

Praia da Ribeira
Belíssima praia cercada pela Mata Atlântica. Perto dela, um riacho desce da serra formando cachoeiras, até uma represa, criando uma piscina de água doce. Última praia acessível de carro pelo Caminho das Praias, possui estacionamento e várias cabanas servindo bebidas e tira-gostos. É bastante freqüentada durante os fins de semana e feriados. Quem quer sossego pode pegar as trilhas que saem da Ribeira e levam à praia do Siriaco e à Prainha.

Prainha
Cartão postal de Itacaré, é considerada uma das mais belas praias do Brasil. A enseada da Prainha tem uma forma absolutamente simétrica, com dois morros verdes ao norte e ao sul da praia, e um belíssimo coqueiral perto da areia. Freqüentada por surfistas, a praia não oferece nenhuma infra-estrutura, apenas uma barraca que vende água de coco.

Praia do Siriaco
Pequena e escondida, o Siriaco é talvez a praia mais secreta de Itacaré. O acesso é a pé por uma trilha que sai da Praia da Ribeira. São apenas 15 minutos de caminhada.

Praia da Coroinha
Praia urbana com areia escura no centro de Itacaré. Não é aconselhada para banhos.

Praia de São José
Ondas fortes, areia branca e muitos coqueiros. Fica numa área de proteção ambiental, dentro do complexo ecoturístico Villas de São José. Na praia de São José encontram-se hotéis e residências de alto padrão, além de restaurantes de qualidade com cozinha sofisticada.

Praia da Engenhoca
Linda praia deserta cercada por coqueiros e Mata Atlântica. Um riacho desemboca no canto Sul. Tem boas ondas e é bastante freqüentada por surfistas.

Havaizinho
Uma das melhores praias de surfe de Itacaré. Tem recifes, coqueiros e ondas fortes. Fica quase deserta a maior parte do ano.

Praia de Jeribucaçu
Situada na área de uma fazenda particular, esta praia lindíssima fica quase deserta o ano todo. O rio Jeribucaçu desemboca aqui, num cenário paradisíaco, saindo de uma área de mangue preservada.

Praias do Pontal e Piracanga
Ao norte do Rio de Contas, mais de 50 km de praias desertas e coqueirais. Com boas ondas, as praias oferecem ótimas condições para a prática do surf. Mais ao norte, as praias de Algodões, Saquaíra, Cassange, Taipus de Fora e Barra Grande esperam os amantes da natureza e da tranqüilidade.

Praia de Itacarezinho

Apesar do diminutivo, a praia é imensa. O canto Norte é também chamado Camboinha. Com 3,5 km de extensão e muitos coqueiros, a praia de Itacarezinho tem ondas boas para surfar. É um ponto de desova de tartarugas marinhas. Na ponta Norte, uma cascata de água doce desce da mata e cai diretamente na areia.

Serra Grande
Ao sul do Rio Tijuípe, lindas praias virgens se estendem por vários quilômetros: as praias de Serra Grande, na Área de Proteção Ambiental. A praia do Sargi, com 4,5 km de extensão, areia fina, águas transparentes, arrebentação lenta e correntes de águas mornas concentra a maioria das pousadas, bares, restaurantes e cabanas. A praia do Pé de Serra é um local privilegiado para observar a chegada das jangadas. De acesso restrito, as praias do Pompilho, da Prainha, do Guedes e da Foz do Tijuípe são natureza pura.

Passeios
Área de Proteção Ambiental Serra Grande
Criada pelo Governo do Estado da Bahia, tem aproximadamente 16 mil hectares, ocupando uma faixa litorânea de aproximadamente 6 km de largura por 28 km de comprimento. Limita-se ao norte pela foz do Rio de Contas, ao sul pelo Riacho do Sargi e ao leste pelo Oceano Atlântico.

Rafting e Rapel
A aventura começa com um passeio de 1h num veículo 4×4 que parte da pousada em direção a Taboquinhas, a 34 km de Itacaré, sendo 28 km em estrada de terra. Chegando em Taboquinhas, os passageiros recebem instruções e equipamentos necessários para o Rafting / Rapel. O Rafting acontece nas corredeiras do Rio das Contas em meio a um cânion, nível III e IV, com muita adrenalina e duração de 01h30. O Rapel (cascading) é feito na bela Cachoeira de Noré, com 15 m de altura. A descida parte do meio da Cachoeira, com 10 m negativos.

Bike
Saídas da pousada às 9h, com destino a trilhas com graus de dificuldades variados e em trechos de 10, 15 ou 20 km. As trilhas passam por cachoeiras e praias. Todo o equipamento de segurança é fornecido e os visitantes são acompanhados por guia especializado.

Duck
As saídas acontecem às 09h30, com veículo que conduz os turistas até o Rio Tijuípe, localizado entre os municípios de Itacaré e Uruçuca, onde se iniciam os passeios em ducks (caiaques infláveis). O Rio Tijuípe tem suas nascentes na Serra do Conduru e sua foz na Praia do Patizeiro. Os passeios em ducks são feitos em trechos do rio com extensão de 4 km, água limpa e transparente. Corredeiras, banhos refrescantes e o contato com uma exuberante mata ciliar completam este passeio, que aceita passageiros com idade mínima de 10 anos. Os equipamentos são fornecidos e há uma instrução prévia para a prática de canoagem.

Cachoeiras

A região de Itacaré é rica em rios e cachoeiras. O Rio de Contas, que nasce na Chapada Diamantina e deságua no mar perto da cidade, é o maior curso de água do município. Ele é navegável por uma distância de 20 km, até o povoado de Taboquinhas, distrito de Itacaré, onde se encontra uma das mais belas cachoeiras da região.

As maiores cachoeiras são a Pancada Grande e a do Tijuipe. A mais freqüentada é a cachoeira do Cleandro, perto do Rio de Contas e da cidade, mas há muitos outros rios e cachoeiras, de todos os tamanhos, que podem ser encontrados passeando pelas trilhas da serra.

Fonte: correiodemocratico.com.br

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Santiago do Chile: O charme e as possibilidades da cidade apontada como o destino turístico número um em 2011

O charme e as possibilidades de Santiago, apontada como o destino turístico número um em 1 

SANTIAGO - Em 2010, o mundo parou duas vezes para ver o Chile. Primeiro, um terremoto devastador. Depois, um resgate histórico de mineiros. Com o país em evidência, estável economicamente e moderno, Santiago passou a brilhar como nunca. Tanto que foi eleita pelo "New York Times" como o destino número um para ser visitado em 2011. Além dos bons programas clássicos de sempre, como a visita ao Mercado Central, a exploração das delícias marinhas e o roteiro nerudiano, que vai da boemia do bairro de Bellavista até algumas praias próximas, a capital chilena está cheia de novidades, entre hotéis, restaurantes, atrações culturais e marcos arquitetônicos (o futuro maior prédio da América Latina está sendo construído lá). Para lá deste perfil, já suficientemente interessante para os turistas, Santiago também ganha pontos pelas atrações nos arredores: afinal, praias, estações de esqui e vinícolas estão a um pulo. A cidade também acaba entrando na pauta de muito viajante a caminho dos destinos tão diferentes entre si que há no país, como a Ilha de Páscoa, o Deserto do Atacama e a Patagônia. Para se voar até estes lugares, é preciso passar pela capital. E, cada vez mais, Santiago não é apenas um ponto de conexão, mas parte importante do roteiro. E se não é, deveria ser...

À noite, desenhos no Rio Mapocho
Não é difícil entender as razões que levaram Santiago a ganhar destaque no mundo do turismo nos últimos anos. Eles estão investindo e se esforçando para isso. Os resultados aparecem. A novidade mais recente, lançada há cerca de duas semanas, é o espetáculo noturno do Rio Mapocho, que corta a cidade: uma intervenção artística de autoria de Catalina Rojas, que criou desenhos para serem projetados nas águas turvas do rio, que assim ganha uma linda coloração.

Obras de infraestrutura facilitaram bastante a vida dos turistas. Largas avenidas e um incrível túnel que atravessa boa parte de Santiago, evitando o tráfego mais pesado, possibilitam um acesso tranquilo ao aeroporto (dependendo do dia, não se gasta mais que 15 minutos para ir do Centro até lá). O metrô foi outro investimento muito bem-vindo, e é possível visitar praticamente todos os pontos de interesse usando o serviço - dá até para se visitar algumas vinícolas nos arredores, como a Santa Carolina, a Cousiño-Macul e a Concha y Toro, combinando o metrô com uma curta corrida de táxi (com preço inferior a R$ 5). São cinco linhas, com mais de 90 estações, limpas e bem cuidadas.

Entre as boas novas dos últimos anos, também está a expansão da cidade em direção a Las Condes, enclave mais chique da cidade, com shoppings, hotéis, boates e restaurantes de alto padrão. Não à toa, essa região foi a escolhida por algumas redes internacionais de hotelaria de luxo que se instalarem ali, como W, Hyatt e Marriott.

Além das melhorias e novidades, Santiago tem outros bons trunfos para atrair turistas: a criminalidade é muito inferior e as ruas são bem mais limpas, por exemplo, se compararmos com Buenos Aires. E, cá entre nós, não é toda cidade que tem vista para os Andes. Para o gourmet, há os vinhos chilenos, e os peixes e frutos do mar, sempre muito frescos.

Há os bairros, um para cada perfil. Las Condes, como já foi dito, sacia o apetite consumista. Lastarria, com seus museus, universidades, cafés, bares, ateliês, galerias de arte e lojas de moda e design, é o recanto mais cool de Santiago. Bellavista, por sua vez, é a zona boêmia, tendo na Calle Pio Nono o seu eixo central, abarrotado de bares sempre cheios de jovens - mesmo numa tarde em dia de semana. Acima de Bellavista está o Cerro San Cristóbal, que se pode subir de teleférico ou funicular. O Centro ainda guarda uma preciosa arquitetura antiga em alguns emblemas da cidade, como o Mercado Central, o Palácio de la Moneda, a Catedral Metropolitana, o Palácio Errázuriz (onde hoje funciona a Embaixada do Brasil) e a Confiteria Torres, inaugurada em 1879.


Há os programas clássicos imperdíveis, como é possível ler no texto ao lado. E a cena gastronômica em Santiago nunca esteve em tão bom momento. A cidade está bem próxima de vinícolas, praias e estações de esqui - coisas que o turista brasileiro adora e que podem ser visitadas em roteiros de um dia, o popular bate e volta.

Cidade recebe restaurante Armani
Na minha primeira visita ao Chile, cheguei ainda pela manhã. Largamos as coisas no hotel e fomos correndo para o Mercado Central. Vimos muitas barracas para já irmos nos familiarizando com os pescados. E, como fazem nove em cada dez turistas, nos sentamos no restaurante Donde Augusto para almoçar. Não que tenha sido ruim. Mas estou certo de que foi a pior refeição que fiz na capital chilena, naquela e nas visitas seguintes (quatro, no total). E está também entre as mais caras. Ou seja: o Mercado Central é um passeio, mas fazer uma refeição ali é bobagem - até porque a cena gastronômica chilena está vivendo um ótimo momento.

Quem desejar comer em um cartão-postal pode seguir em direção à Confitería Torres, perto dali, ainda na zona central da cidade. O restaurante, inaugurado em 1879, é um endereço famoso na cidade há décadas, frequentado por escritores, empresários, políticos e turistas. O ambiente é classudo e elegante, com bancos de couro vermelho, muitos quadros em preto e branco nas paredes, retratando Santiago e seus personagens, bar de madeira (com uma bonita iluminação atrás do balcão) e um cardápio igualmente clássico, que pode começar com empanadas e chupe de locos (um tipo de marisco, de carne branca e muito saborosa, que também é servido em forma de salada à vinagrete com folhas, muito bom). Entre as especialidades, além de pratos de peixes, está o filé marinado no coentro. Vale lembrar que foi inventado ali por um ex-presidente o sanduíche que leva o seu nome, Barros Luco, que leva queijo e carne, hoje difundido em todo o país. E quem quiser, pode deixar para visitar só para um chá da tarde.

Outro endereço gastronômico histórico é o restaurante Venezia, no bairro boêmio de Bellavista, o favorito do poeta Pablo Neruda, Nobel de Literatura de 1971. É um espaço grande e meio caótico, frequentado mais por chilenos do que pelos turistas, com mesas cobertas por toalhas quadriculadas. Não espere sofisticação, mas uma comida honesta em ambiente pitoresco, decorado com bandeiras de países e times de futebol, garrafas de vinho antigas e muitas fotografias, grande parte delas do escritor que deu notoriedade ao lugar. Talvez este seja o lugar mais indicado para se provar o lomo a lo pobre, um filé grelhado coberto com dois ovos e servido com batatas fritas e cebola refogada longamente, até se transformar numa espécie de purê, levemente caramelizado.

Também clássico é o Divertimento Chileno, dentro do Parque do Cerro San Cristóbal. A comida campestre preparada com correção é em muito valorizada pelo cenário bucólico, rodeado pela mata, com um lindo jardim. Há agradáveis mesas do lado de fora do casarão, decorado com objetos de fazenda. Apesar do clima rural, os pescados também brilham, em receitas como o ajillo mixto (camarões, lulas, tomates e champignons com temperos e queijo de cabra) e a trilogia de ceviches com os peixes do dia.

Mas a gastronomia de Santiago não se resume a endereços tradicionais. Pelo contrário: nos últimos anos, estão abrindo novas casas, como o nipo-peruano Osaka, instalado no Hotel W, e o Emporio Armani Ristorante (existem muitos cafés Armani, mas restaurante só mesmo em Nova York, Tóquio e, mais recentemente, Santiago - a cidade está mesmo com tudo).


A cidade foi a terceira a ganhar uma filial do Osaka (as outras duas casas da rede ficam em Lima e Buenos Aires). O cardápio mescla pratos do Peru e do Japão quase sempre com alguma criatividade, e sempre usando ingredientes locais. Explore as entradinhas, como o rolinho de peixe branco recheado com alface em tirinhas, abacate e molho picante. Ou os cevichitos, servidos em pequenas colheres, como o de polvo, banana caramelada e manga, temperados em molho delicioso e um toque crocante.

Enquanto isso, restaurantes com alguns anos de vida, como o Europeo, estão cada vez melhores. No cardápio criado pelo chef Carlos Meyer Anwandter, que sempre se renova, a cozinha é de base francesa, com influências de outros países do continente, como Itália e Espanha. No menu, foie gras, trufas, lagosta e carnes de caça, com preparo certeiro e apresentação cuidadosa. Reserve. E não deixe de ir.

Nos arredores, escolha entre as praias, as vinícolas ou o esqui
Santiago tem uma virtude rara: é uma cidade cercada de atrações por todos os lados - muito diferentes entre si. A oeste, para os dias de verão, temos as praias: Viña del Mar e Valparaiso são apenas as duas mais famosas. A leste, para quando a neve chegar, estão as estações de esqui: Valle Nevado, El Colorado e La Parva, bem perto da capital. Ao norte e principalmente ao sul (no Vale do Maipo, em especial) estão as vinícolas, para serem degustadas durante todo o ano (mas durante o verão e parte do outono, com as videiras carregadas e o trabalho de colheita, é muito mais interessante fazer o passeio). E ainda há os cassinos.

Para nós, brasileiros, as vinícolas e as estações de esqui são muito mais relevantes, claro. Mas, não custa lembrar, mesmo aos que não querem se banhar nas águas frias do Oceano Pacífico: o litoral chileno tem lá o seu charme, isso tem.

A começar por Viña del Mar, um típico balneário turístico urbano que concentra bons hotéis e restaurantes e tem atrações que estão além de praia (elas são até bonitas, mas cá entre nós: sair do Brasil para ir à praia no Chile é o mesmo que sair do Chile para beber vinho no Brasil). Na cidade há um belo Jardim Botânico, construções históricas, museus e parques bastante agradáveis.

No mês de fevereiro, por exemplo, acontece o Festival Internacional da Canção de Viña del Mar, sempre com convidados ilustres. Neste ano, por exemplo, vão se apresentar Roberto Carlos (22/02), Sting (25/02) e Alejando Sanz (26/02), entre muitos outros.

Bem perto dali, está a cidade de Valparaiso. Assim como o bairro de Bellavista, um lugar adorado por Pablo Neruda (uma de suas antigas casas abertas aos visitantes está lá: chama-se la Sebastiana). Apesar de ser uma cidade portuária, o casario colorido que desce pelas encostas da montanha (com acessos por elevadores tipo plano inclinado) dá um certo charme ao lugar.

O que faz mesmo sucesso com os brasileiros são as vinícolas e estações de esqui. Os vinhedos, além de estarem muito perto da capital (a Cousiño-Macul está praticamente dentro de Santiago), propiciam uma visita que vai além da bebida: são as chamadas "bodegas históricas", como Santa Rita, Concha y Toro, Santa Carolina e a própria Cousiño-Macul, todas fundada ainda no século 19 e instaladas em casarões antigos lindíssimos, com destaque para as caves subterrâneas imensas. Outra vantagem de se visitar essas vinícolas é o fácil acesso: basta pegar a Linha 4 do metrô e descer na estação mais próxima e depois pegar um táxi para uma curta viagem (para a Santa Carolina, por exemplo, são menos de dois minutos de trajeto a partir da estação de metrô).

Todas as quatro recebem visitantes e o programa é bem parecido, seguindo um mesmo roteiro. Primeiro, um tour, começando pelos vinhedos, passando pela área onde estão os tanques de fermentação, e terminando nas salas de barrica, sempre lindas. Em seguida, visita às lojinhas. Não deixe de reservar pelo site, porque muitas vezes não há mais vaga. Às vezes, a degustação é apenas no final do passeio, como na Santa Rita. Em outras, a prova dos vinhos vai acompanhando o tour, como na Santa Carolina (os brancos são servidos ao ar livre, no jardim, e os tintos, dentro da bodega, na sala de barricas).


As vinícolas com melhor estrutura para os visitantes são a Santa Rita (com restaurante, o Doña Paula, muito bom, hotel e até um museu) e a Concha y Toro (com restaurante, bar de vinhos e uma boa lista de rótulos vendidos em taça: na nossa visita, por exemplo, havia um raro Don Melchor 1988).

Por fim, as estações de esqui. Algumas delas também estão quase dentro de Santiago. Saindo do Centro, em cerca de 15 minutos, já estamos na Cordilheira dos Andes. É tão perto que é comum chilenos e turistas subirem a montanha de manhã, passar o dia esquiando, e voltar no fim do dia para Santiago.

ONDE FICAR:
Hotel W: Diárias a partir de US$ 320. Isidora Goyenechea 3000, Las Condes. Tel. (562) 770-0000. www.starwoodhotels.com

Grand Hyatt: Diárias a partir de US$ 300. Avenida Kennedy 4601, Las Condes. Tel. (562) 950-1234. www.hyatt.com.br

ONDE COMER:

Astrid y Gastón: Antonio Ballet 201, Providência. Tel. (562) 650-9125. www.astridygaston.com

Confitería Torres: Alameda 1570, Centro. Tel. (562) 688-0751. www.confiteriatorres.cl

Divertimento Chileno: Av. El Cerro s/n, Parque Metropolitano. Tel. (562) 233-1920. www.divertimento.cl

Europeo: Alonso de Córdova 2417, Vitacura. Tel. (562) 208-3603. www.europeo.cl

Osaka: No hotel W. Tel. (562) 770-0000.

Venezia: Pío Nono 200, Bellavista. Tel. (562) 737-0900.



Bruno Agostini - O Globo (Boa Viagem)

Patagônia: em Punta Arenas, um hotel onde relaxar é obrigatório

Patagônia: em Punta Arenas, um hotel onde relaxar é obrigatório  

PUNTA ARENAS - Depois de uma viagem de 13 horas de duração, com duas conexões, finalmente eu estava na porta do hotel. Eram 4h da madrugada. Horário que, no extremo sul da Patagônia chilena, significa frio e vento. O simpático recepcionista me indicou o quarto e, gentilmente, pediu silêncio para não acordar os outros hóspedes. Mas lá fui arrastando minha mala corredor afora, fazendo o maior estardalhaço possível. O quarto, num estilo minimalista escandinavo, parecia correto para alguém cansado e irritadiço como eu estava. Não sabia que minha raiva ia atingir picos mais altos, antes de descer a um nível totalmente zen. Uma metamorfose só possível no Ilaia Nature e Yoga Hotel, em Punta Arenas.



Pensei: tomo um banho, vejo dez minutos de TV e estou pronto para acordar ao meio-dia. Comecei a procurar o controle remoto e logo percebi que não só não havia controle remoto como simplesmente não havia televisão. Desci imediatamente para o lobby, e descobri que o hotel, na realidade, não tinha aparelhos de TV em lugar algum. E nem rádio. Somente internet wi-fi na recepção.

Cogitei a possibilidade de ficar por lá vendo vídeos do YouTube no celular, mas até para os meus padrões isso seria mais bizarro do que uma madrugada sem televisão. Voltei para o quarto. Só me restava abrir o frigobar em busca de uma garrafa de água mineral. Nada. Volto para a recepção. O sempre gentil funcionário me avisa que, no hotel, só se bebe água da torneira, que ele garante ser potável.

Algum bar aberto onde seja possível comprar água mineral? Sim, a dez quarteirões, com o frio por conta da casa. Explico que vou morrer de sede, que isso vai causar a maior confusão, que vão ter de repatriar o corpo. O rapaz oferece um chá. De camomila. Volto para o quarto listando em voz alta todos os xingamentos possíveis em espanhol, acordando os outros hóspedes pela segunda vez. Às 5h, sou finalmente vencido pelo sono.

Meu plano de dormir até o meio-dia se desfaz às 6h30m. As cortinas do quarto são brancas, sem nada por trás delas, a não ser o vidro das janelas. Acorda-se com o primeiro raio do sol nascendo. Neste momento, o sono intenso potencializou o ódio profundo. E é com esse nada nobre sentimento que vou tomar o café da manhã. Foi quando cheguei ao ápice da minha irritação - e também quando comecei a aprender a amar o Ilaia Nature e Yoga Hotel.

Hóspedes podem fazer risoterapia

No café da manhã do Ilaia Nature e Yoga Hotel, peço o mais básico que me ocorre: café, pão e manteiga. Mas não há nada disso. Há chá, frutas, iogurte natural, granola e chipote, uma panqueca integral de milho. Mas e o café? Não tem. Neste momento, quando levanto e pego a cadeira pensando em arremessá-la em direção à cozinha, surge uma senhora, que calmamente senta na mesa e pergunta:

- Você não faz ideia do que é este hotel, não é?

Nenhuma. Fui parar ali por acaso. Ela calmamente me explica primeiro o que é chipote. Nada mau, por sinal. Sou obrigado a reconhecer que as frutas estão ótimas. O iogurte e a granola, ambos feitos no hotel, também (tudo é feito em suas dependências - até o sabonete). O instinto assassino arrefece por instantes. Ela percebe a deixa e começa a contar a história do lugar.

O Ilaia foi inaugurado há dois anos. Aparentemente, é mais um hotel butique, e com uma diária atraente, por volta de US$ 100. Só que o que orienta a equipe (não há hierarquia entre os funcionários) é o princípio de que você recebe o que dá. E eles, com uma sinceridade comovente, acreditam que, se forem gentis e afetuosos com os hóspedes, estes vão ter uma excelente estada, e recomendar o Ilaia para outros viajantes. Pode parecer algo um tanto pueril e ingênuo. Mas funciona. O Ilaia é o hotel número 1 de Punta Arenas no site Tripadvisor, que faz um ranking da qualidade das hospedagens ao redor do mundo baseado nas opiniões dos hóspedes.

Às 9h, depois de muito chá, granola e chipote, meu mau humor tinha passado. E eu continuava ouvindo as histórias. A dona do hotel, Pamela Cvitanic, professora de ioga, construiu o Ilaia a partir de um projeto do marido arquiteto, Marco. Desde o início, a ideia era ter "paz & amor" como mantra. As aulas de hataioga para os hóspedes acontecem em uma sala anexa. Uma vez por mês, os funcionários fazem uma terapia coletiva. Risoterapia, para ser preciso. Os hóspedes, evidentemente, também são convidados a participar.

De volta à recepção, reparo que hóspedes que entram e saem, famílias, casais, são sempre recebidos com abraços e alegria. Começo a me arrepender do meu show na madrugada. A preocupação com o bem-estar dos visitantes leva a situações sui generis: um hóspede, certa vez, estava estressadíssimo com um voo perdido. Vendo o sofrimento dele, não ocorreu melhor ideia aos funcionários do Ilaia do que todos se caracterizarem como palhaço, de nariz de bolota vermelha e tudo mais, para fazer o hóspede sorrir e voltar ao bom humor. Garantem que funcionou.

No fim de janeiro deste ano, houve uma greve geral em Punta Arenas: tudo parou, em protesto pelo aumento do gás (calefação, por motivos óbvios, é algo fundamental na região). Foi um caos na cidade, com turistas isolados no aeroporto, voos perdidos. Nada funcionava. Para o Ilaia, nenhum problema. A equipe levava os hospedes até o aeroporto a pé, conversando. Dizem que ninguém reclamou.

Neste momento, algumas coisas começavam a se encaixar. Fica evidente que, com a filosofia que rege o Ilaia, aparelhos de TV não fazem nenhum sentido. E, num hotel onde tudo é reciclado, água engarrafada vinda de lugares distantes é um tanto quanto ofensivo. Até com a cortina branca sem blackout fiquei tolerante. Quem vai a Punta Arenas normalmente está atrás de trekkings e turismo de aventura, já que a cidade é o ponto de partida para o Parque Nacional de Torres del Paine. Para esse turista, as cortinas funcionam como um despertador natural.

Enfim, tudo é normal para alguém bem-humorado. Saio do Ilaia com a certeza de ter descoberto uma categoria inédita de hotéis no mundo: o hotel calmante.

Serviço

Ilaia Nature e Yoga Hotel: Diárias a partir de US$ 90. Ignacio Carrera Pinto 351, Punta Arenas. Tel. (56 61) 723-100. www.ilaiapatagonia.com


Leonardo Aversa

O Globo