domingo, 14 de novembro de 2010

Roma, na Itália, desperta para os novos tempos


ROMA - Roma é a cidade que dorme demais. Diferentemente de qualquer outra capital cultural da Europa, essa gloriosa mistura de história e arte muda devagar. Mas, ultimamente, ganhou um novo brilho. Um museu futurístico deu cor ao cenário arquitetônico da cidade. Jovens chefs estão experimentando ingredientes locais para criar novos sabores. E mesmo os antigos palazzos estão sendo repaginados. Após anos adiando o despertar, Roma pode finalmente estar acordando.

MAXXI, Museo Nazionale delle Arti del XXI Secolo, em Roma www.fondazionemaxxi.it

O Maxxi foi inaugurado em abril, e continua sendo o assunto da cidade. Projetado por Zaha Hadid, é um ambicioso museu de arte contemporânea com sua divertida aparência com rampas de ângulos irregulares, cantos escondidos e janelas oblíquas. Apesar de ser nova, sua coleção permanente reúne obras de nomes respeitáveis como Francesco Clemente, William Kentridge e Gerhard Richter.


Para um aperitivo depois de tanta modernidade, vá até o ReD, um restaurante com um bar animado que atrai músicos e seus fãs. O lounge fica na calçada em frente ao Auditorium Parco della Musica, um complexo multifuncional projetado por Renzo Piano que se tornou um centro cultural desde a abertura, em 2002. Se você vier no outono, aproveite para conferir o festival Roma Europa, que reúne música, dança e teatro do mundo inteiro.


Na hora do jantar, se quiser variar um pouco do usual spaguetti all'amatriciana que domina os menus romanos, vá até o bairro residencial de Prati, onde fica o Settembrini, um novo restaurante chique que usa ingredientes clássicos de maneiras diferentes. Tainha em cama de vegetais (16 euros), coelho tenro (12 euros) e risoto de beringela com parmesão (14 euros) se destacam. A decoração é minimalista mas acolhedora, e as mesas do lado de fora são espaçosas.

Depois do jantar, pule a sobremesa e compre uma casquinha de sorvete na Gelateria dei Gracchi ou na Al Settimo Gelo, duas das melhores sorveterias numa cidade que é repleta delas. Na Gracchi, os sabores de nozes e frutas são frescos, como se tivessem sido arrancados na hora da árvore, e fazem valer o preço da passagem de avião.

Vinhos, cozinha criativa e passeio para comprinhas pela cidade

Para uma boa comida, com ambiente amigável e preços razoáveis - além de uma vista que não tem preço para a coluna de Trajano - vá até a enoteca Provincia Romana. O elegante e novo bar de vinhos foi criado pela província do Lazio para promover os produtos locais. As carnes e os queijos são excelentes, assim como as saladas. Sente-se e aproveite o ambiente, ou então compre um sanduíche na chapa feito com beringela apimentada, mozzarella fresca e manjericão (3,50 euros) para fazer um piquenique perto no Fórum Romano.
San lorenzo 


E como nem tudo em Roma é eterno, para uma dose de neorrealismo faça um passeio por San Lorenzo, o antigo bairro de operários próximo à estação Termini que ganhou vida com suas butiques chiques e ateliês. Procure por lá a Myriam B., que vende roupas e joias femininas feitas à mão. Claudio Sanò faz bolsas e outros acessórios em couro sob medida, e a Candle's Store vende velas artesanais.

Alguns restaurantes estão se especializando naquilo que os italianos chamam de "cozinha criativa", uma nova perspectiva de velhos padrões. Um dos mais novos é o Pastificio San Lorenzo, restaurante e bar de vinhos chique mas informal, que abriu no ano passado em uma antiga fábrica de macarrão. Entre as especialidades estão um ovo pochê empanado com delicado molho de queijo (10 euros), atum grelhado com molho de iogurte (20 euros) e um leitão assado com figos cobertos com açúcar e feijão verde descascado (18 euros).

Nenhuma noite está completa sem um passeio pela animada região de Trastevere. Entre os bares da moda está o Freni e Frizioni, onde você pode tomar um drinque enquanto observa o Rio Tibre. Ou então provar uma cerveja artesanal no pub da esquina, Ma Che Siete Venuti a Fa'. Se preferir ficar por San Lorenzo mesmo, siga a festa na Aurunci 42, um simpático bar na Piazza dell'Immacolata, que se transforma num lounge ao ar livre nas noites de fim de semana.

Caravaggio e uma visita ao cemitério


Ano passado, dois jovens chefs ambiciosos, Stefano Callegari e Gabriele Gatti, assumiram um pequeno "buraco numa parede" na região de Testaccio e abriram a Pizzeria 00100, que ganhou o nome pelo grau de semolina da farinha. A popular pizzaria é especializada nos "trappizzini", grossos pedaços triangulares de pizza que podem ser recheados até com almôndegas (a partir de 3 euros) e forram o estômago para um dia de passeios.

Além do novo Maxxi, Roma tem uma grande variedade de museus, desde a Galleria Borghese até o Palazzo Massimo, todos em diferentes graus de conservação. Após uma extensa renovação, a Galeria Nacional de Arte Antiga do Palácio Barberini reabriu recentemente. Sua formidável coleção, agora toda reorganizada e exposta em paredes recém-pintadas, inclui o quadro "Judite e Holofernes", de Caravaggio, no qual a heroína bíblica treme levemente enquanto usa sua lâmina para decapitar Holofernes.


Como o Père Lachaise, em Paris, o cemitério protestante é um dos lugares mais contemplativos e também esquecidos de Roma. Área do descanso final de não-católicos por séculos, o cemitério tem entre seus residentes permanentes John Keats -- em seu túmulo está escrito "Aqui jaz aquele cujo nome foi escrito na água". Além de românticos, há frequentemente um fluxo constante de homens de cabelos grisalhos que prestam homenagem a Antonio Gramsci, fundador do Partido Comunista Italiano.

Em meio ao caos geral, a capital tem outros ótimos locais para relaxar. Suba pela calma ladeira Aventine para encontrar a maior piada da cidade barroca: um buraco de fechadura na sede da Ordem Soberana dos Cavaleiros de Malta, que enquadra perfeitamente a vista da Basília de São Pedro. No jardim que fica mais adiante na rua, a vista da cidade que se estende abaixo é de tirar o fôlego. Isto é, afinal, o motivo pelo qual você veio.
Boa Viagem

Um comentário:

Sara disse...

Tudo parece tão bonito que eu acredito é que, para realmente conhecer a cultura de um povo, não só precisam conhecer seus monumentos, por exemplo, se um vai em algum lugar onde a cultura agrária é necessário comer carne, como a la caballeriza que é bem conhecido para a manutenção de boa tradição.